Calendário utilizado nos dias atuais. Medicina aplicada no processo de mumificação. Origem da moderna neurociência. São exemplos de descobertas inovadoras desenvolvidas no continente africano, mais precisamente no Egito.  Apesar de toda a história de desenvolvimento em múltiplas áreas do conhecimento, negros e negras em pleno século XXI ainda são invisibilizados. No campo da Ciência, Tecnologia e Inovação não é diferente. Impera a falsa ideia de que as influências do povo negro está unicamente ligadas ao mundo musical e esportista. Todo o resto, ainda é retratado, majoritariamente, pela ótica europeia.

NUBAS – Núcleo Baiano de Animação em Stop Motion. FOTO: Diane Luz

É nesse contexto que para romper com esse imaginário equivocado – sem perder a conexão ancestral com o passado – que a Estação da Lapa, em Salvador, será palco da Ocupação Afro Futurista, de 08 a 11 deste mês.

A Ocupação levará para dentro de um dos mais movimentados terminais da cidade temas como Cultura Digital e Inovação, tendo por diferencial, o recorte de gênero e raça. A iniciativa é fruto da parceria entre a Aceleradora Vale do Dendê e Instituto Mídia Étnica (IME), com patrocínio da organização Seja Digital.

Entre os nomes confirmados, destaque para o astrofísico Antonio Copete – pesquisador na Universidade Harvard e integrante da NASA; o coletivo Fa.Vela (BH) – aceleradora de negócios com foco no desenvolvimento pleno dos moradores de comunidades de baixa renda; o PretaLab (RJ) – projeto de inclusão das mulheres negras e indígenas nos campos da inovação e tecnologia; da jornalista Maíra Azevedo (Tia Má), empreendedor Paulo Rogério, e da fotógrafa Helemozão.

Com ampla programação para os quatro dias, a Ocupação Afro Futurista surge em meio a um processo de fortalecimento do ecossistema de inovação da cidade. “Ao contrário de eventos convencionais de tecnologia e inovação, vamos lançar luzes sobre o trabalho de makers e artistas que atuam nas periferias de grandes cidades, em um local muito importante de Salvador”, destaca Paulo Rogério Nunes, cofundador da Aceleradora Vale do Dendê.

Coletivo Afrobapho

Além da série de diálogos, o evento traz para a cidade o universo dos quadrinhos (comics) representado por integrantes do movimento de cosplay de heróis negros, vídeo mapping com VJ Gabiru, oficina de stop-motion e oficinas de vídeos com dipositivos móveis, além dos shows da Batekoo, Japa System (Baiana System), Ana Dumas, AfroBapho e Àttooxxá.

“Essa Ocupação AfroFuturista é de grande importância, pois mostra que a população negra sempre foi protagonista quando se fala em tecnologias, e fazer essa ação, com oficinas, mostra de vídeos, música e performances artísticas na estação da Nova Lapa, nos dar a oportunidade de ter um diálogo direto e participação da população com toda sua diversidade de idade, gênero e raça que transita diariamente por neste local central e acessível”, destaca Rosalvo Neto, um  dos diretores do IME.

Fundada em 7 de novembro de 1982, a Estação da Lapa consolidou-se como um dos pontos de maior?fluxo?de pessoas da cidade de Salvador, tendo diariamente uma média de 450 mil passantes. A escolha da estação para abrigar a Ocupação se deu por ser lá um dos principais equipamentos urbanos locais, contemplando toda a diversidade da capital baiana e, atualmente, em pleno funcionamento pós-reforma.

[PROGRAMAÇÃO*]

ABERTURA – 08/08 (TERÇA-FEIRA)

Ativação Promocional – Seja Digital (A partir das 10h)

Exibição de Filmes – (10h – 15h)

Ação guerrilha (16h – 17h)

Performance com Cosplays Negros

Diálogos Digitais (18h – 19h)

Mesa tema – Cosplays com identidade: Cultura Pop com representatividade
Convidados: Ana Claudia (Cosplay de Tempestade – X-Men), Thiago Calheiros (Cosplay de Pantera Negra), Vanessa Abbude (Cosplay de Syndra – League of Legends). Mediação: Stephanie Nereu (Cosplay de Avatar Kyoshi)

Palco Digital (19h – 20h)

Atração: Batekoo

A BATEKOO pra abalar com as estruturas da white familia tradicional!

Liberdade corporal, liberdade sexual, estética negra, empoderamento coletivo, crespo, suor, representatividade, ocupação preta, proibidão. Festa de preto. 

Uma produção independente que promete fazer todos os presentes dançarem muito ao som de ritmos black como hip-hop, rap, funk carioca, R&B, trap, twerk, bahia bass, ragga, dancehall, kuduro, e suas vertentes. A proposta é que seja uma festa democrática, livre de preconceitos, e que una todos os ritmos negros pra todo mundo se divertir muito e quebrar até o chão, até as pernas dizerem CHEGA!