O Sai da Rede chega a Salvador, em 28 de outubro, às 17h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em uma parceria do Banco do Brasil com o Governo do Estado, numa noite em benefício dos hospitais Martagão Gesteira e Aristides Maltez. Como atrações, três nomes frequentes entre as listas de revelações da música brasileira nos últimos anos: Liniker e os Caramelows, grupo que dá seus primeiros passos internacionais; Russo Passapusso, apresentando pela primeira vez na Concha seu disco solo; e Criolo, que estreia na cidade o show do recém-lançado álbum, todo dedicado ao repertório de sambas. Cada ingresso poderá ser adquirido através da contribuição de 400g de leite em pó e cada pessoa poderá retirar até dois ingressos na bilheteria da Concha Acústica (Ladeira da Fonte), a partir de 23 de outubro.

Desde sua estreia, em 2011, o festival Sai da Rede, realizado pelo Banco do Brasil, vem apresentando um panorama plural da nova música brasileira que, além de arrancar elogios pela potência e originalidade de seu som, tem algo mais em comum: são artistas que surfam excepcionalmente bem pelas ferramentas digitais que revolucionaram a maneira de produzir e ouvir música na última década e as vêm utilizando com desenvoltura em suas carreiras.

Com curadoria dos cariocas Pedro Seiler, da produtora Queremos!, e Amanda Menezes, da Tema Eventos Culturais, em suas oito edições anteriores, realizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, o festival levou ao público – e por vezes antecipou – nomes que ganhariam reconhecimento da mídia especializada, como Tulipa Ruiz, Tiê, Marcelo Jeneci, Gaby Amarantos, Cícero, O Terno, BaianaSystem, Carne Doce, As Bahias e a Cozinha Mineira e Tassia Reis.

“Um dos aspectos mais interessantes deste projeto é ser extremamente contemporâneo. Com isso, as temáticas abordadas são sempre atualíssimas. Na programação de Salvador, por exemplo, a sonoridade dos artistas é diversa, mas as discussões sobre liberdade de gênero e luta pela igualdade social e racial estão muito presentes no trabalho dos três”, comenta Amanda Menezes.

“Os meios de produção, compartilhamento e divulgação digitais são tão rápidos que, desde que conceituamos a primeira edição do projeto, vimos mudanças importantes acontecerem: do uso do Facebook como plataforma de divulgação de música à consolidação do streaming com Spotify e Deezer, dentre outros, o crescimento do Instagram, do Twitter e agora do Musically. E junto com essas novidades, os artistas que sempre vêm nos surpreendendo”, completa Pedro Seiler.

LINIKER E OS CARAMELOWS

Era 2015 quando as cartas que Liniker Barros escreveu, mas nunca endereçou, saíram do papel e viraram letras de música a partir de seu encontro com Rafael Barone (baixo), Péricles Zuanon (bateria), William Zaharanszki (guitarra), Márcio Bortoloti (trompete) e as cantoras Renata Éssis e Bárbara Rosa (in memoriam). A formação do grupo seria depois acrescida de Fernando TRZ (teclados), Marja Nehme (percussão) e Eder Araújo (saxofone).

Aquelas cartas, antes guardadas a sete chaves, ganharam a internet e o país por meio do EP Cru (2015) e, em seguida, pelo disco de estreia Remonta (2016). Assim, o grupo levou o seu funzy ­– termo criado pelos integrantes para definir a sua música preta brasileira (ora bem-humorada, ora emocionalmente intensa), em uma mistura do R&B e soul americanos com as raízes da música brasileira e africana – do norte ao sul do Brasil, tornando-se uma das novidades mais comentadas pela crítica nos últimos anos.

Iniciada com dois shows esgotados no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, a turnê Remonta já passou por diversas cidades, por palcos emblemáticos como o Circo Voador (RJ) e Theatro Municipal de São Paulo e festivais renomados, como o Popload (São Paulo), Bananada (Goiânia), Rec-Beat (Recife), Meca (Inhotim), MADA (Natal) e o BR-135 (São Luís). Agora, dão seus primeiros saltos internacionais: a estreia fora do Brasil aconteceu no badalado South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas, Estados Unidos. Ainda em 2017, o grupo tem apresentações previstas pela América Latina e pela Europa, levando as cartas mundo afora.

RUSSO PASSAPUSSO

“BNegão estava em São Paulo, e sei que ele é um cara que roda muito. Perguntei o que ele tinha visto nessas andanças. E aí ele me falou do Russo e me mostrou o primeiro disco do Baiana. Lembro que pensei: aqui tem um caso sério. Poucas vezes vi um artista com tanta força criativa tão poderosa como ele, é difícil ver mesmo. Depois nos conhecemos, ele foi me mandando as músicas que fazia. Ouvir Russo era como encontrar uma pedra preciosa. E sugeri gravarmos três músicas. Ali nascia o disco solo dele, Paraíso da Miragem”, conta o músico paulista Curumin, produtor do álbum de estreia de Russo.

A fala de Curumin reflete a reação da mídia diante da arte de Russo Passapusso, integrante da nova geração da música popular brasileira produzida na Bahia. Natural de Feira de Santana, sertão do estado, sua iniciação musical foi ao violão na companhia dos sambas que compunha e guardava na gaveta. Em Salvador, o músico entrou em contato com rap, o reggae e a cultura do sound system jamaicano e, integrado ao coletivo MiniStereo Público, começou a movimentar a cena alternativa da cidade, ocupando espaços diversos e conquistando um público fiel.

Ao quebrar as barreiras entre o corpo e a mente, o engajamento e o entretenimento, a cultura popular e o pop, o trabalho de Passapusso se diversificou fazendo com que o artista participasse ainda da criação de seus dois projetos: a banda BaianaSystem e o Bemba Trio.

Com uma trajetória de 10 anos de carreira, Russo diversificou seu repertório ainda mais com o trabalho solo. O projeto traz nas letras a vida e as reflexões do compositor e é um verdadeiro passeio pelos ritmos brasileiros, permeados por bases eletrônicas em algumas faixas. Patrocinado pelo edital Natura Musical, conta com produção e arranjos de Curumim, Zé Nigro e Lucas Martin e participações especiais de nomes como BNegão, Edgard Scandurra, Anelis Assumpção e Marcelo Jeneci, e tem presença cativa em listas nacionais e internacionais entre melhores lançamentos atuais da música brasileira.

CRIOLO

No Sai da Rede de Salvador, Criolo mostra pela primeira vez ao público baiano o repertório fresquíssimo de Espiral de Ilusão, seu recém-lançado álbum. Se nos discos anteriores seu rap já flertava aqui e acolá com o samba que ele ouve desde sua infância no Grajaú, Espiral de Ilusão é uma grande homenagem ao gênero, passeando com desenvoltura e lirismo por seus subgêneros, como jongo, gafieira, samba de breque e samba rural em 10 canções, quase todas autorais.

O projeto, sonho antigo de Criolo, traz 10 canções que comporão também o repertório do show, quase todas autorais – à exceção de Hora da decisão (de Rabelo e Dito Silva) –, em melodias que remetem a sambas antigos, mas com a atualidade das letras pelas quais ficou conhecido. “Samba e rap já crescem como irmãos. Falam do cotidiano de repressão de quem mora na favela. E têm esse tambor, a Mãe África. A pessoa ouve e quer dançar, chora, sente uma energia ancestral”, comenta ele.

Retirada de ingressos: Cada pessoa poderá retirar até dois ingressos a partir de 23 de outubro, às 10h, na bilheteria da Concha Acústica (Ladeira da Fonte). As doações arrecadadas serão enviadas aos hospitais Martagão Gesteira e Aristides Maltez.