Dez anos após lançar seu último CD, ele apresenta as canções do próximo disco, ainda em fase de produção.
O espaço, “aconchegante”, segundo o artista, é bastante de acordo com o repertório à base de violão de cordas de aço e piano, apenas, instrumentos com os quais compõe. Entre os destaques, “O monstro”, de Paquito e Chico César, que trata dos novos tempos: “o monstro chegou/ no mundo pleno de ódio e amor”. E tem as canções feitas com Gerônimo: Paquito contaminou-se de baianidade nesta parceria buliçosa e lírica. Fiéis aos pertencimentos, eles compuseram “Porto de chegar”, em homenagem à praia do Porto da Barra, que Paquito frequenta assiduamente. Sozinho, ele fez o “Melô do aquecimento global”, misto de música infantil e punk: “anunciam na TV/ tudo vai virar mingau/ inclusive eu e você”. No mais, canções de amor e desamor, marca de um autor que se define “ancorado na tradição, mas com desvios estéticos de conduta”.
No show, Paquito cita Assis Valente, baiano que conseguiu ser ufanista e crítico em um mesmo samba, superando Noel Rosa e Ary Barroso. E também questiona a ideia de que a Bossa Nova é música de elite.
Paquito é um cantor e compositor de 54 anos, nascido em Jequié, Bahia (um “jequietcong”, como lhe disse Waly Salomão), com folha corrida no rock. Foi gravado por Maria Bethânia (“Brisa”, sobre versos de Manuel Bandeira), Jussara Silveira, Emanuelle Araújo, Daniela Mercury e Sarajane. Produziu, em parceria com J. Velloso, dois premiados CDs (“Diplomacia”, de Batatinha, prêmio Sharp de melhor disco de samba de 1999, e “Humanenochum”, de Riachão, indicado ao Grammy Latino de 2001), com participações de Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque e Bethânia, entre outros. Lançou dois discos autorais: “Falso baiano” (2003) e “Bossa trash” (2008). De 2006 a 2014, foi colunista do Terra Magazine, de Bob Fernandes. Em 2018, escreveu os textos do site do sambista baiano Ederaldo Gentil. |