Atrações:
Agláia Costa // Rabequeira de expressão em Pernambuco, ela é também violinista da Orquestra Sinfônica do Recife há mais de três décadas. Tocou por anos nas aulas experimentais de Ariano Suassuna após se irmanar à música armorial. Compositora de trilha sonora para o teatro e o cinema.
SerTão Jazz // O quarteto é integrado por estudantes do Conservatório Pernambucano de Música e explora a interseção entre as músicas nordestinas e os improvisos do jazz. Na bagagem, tem composições autorais e releituras de obras famosas. Formado por Felipe Costa (acordeom), Yacauã Bastos (bateria), Heverto Alves (contrabaixo) e Waleson Queiros (guitarra). Do show, participam Amanda Cabral e Karol Maciel.
Spok Quinteto // Ícone da música instrumental de Pernambuco, Spok se apresenta com quinteto e Maíra e Moema no encerramento do Panela do Jazz. O set list do grupo transita entre clássicos e músicas recentes da cultura local revestidos de um caráter universal e despojados do aspecto folclórico. Acompanham o maestro Adelson Silva (bateria), Renato Bandeira (guitarra), Beto Hortis (sanfona) e Hélio Silva (baixo).
A atmosfera inebriante do improviso musical característico do jazz será transposta das ruas para o palco virtual na primeira edição do Panela do Jazz realizada exclusivamente online. Após reunir mais de 10 mil pessoas no Poço da Panela, o festival pernambucano, um dos principais espaços de projeção do gênero no estado, desembarca na internet, durante os dias 20 e 21 de fevereiro, para agraciar os fãs afastados do convívio social por conta do distanciamento obrigatório da pandemia - razão do cancelamento da terceira edição prevista para ocorrer no Recife no ano passado.
O evento de 2021 - acessível para o mundo inteiro - reúne expoentes da música pernambucana cuja trajetória é pontuada por apresentações elogiadas Brasil afora. O primeiro dia da programação conta com shows de Dois de Paus (com participação de Nena Queiroga), Augusto Silva & Frevo Novo e Amaro Freitas Trio. O segundo tem Agláia Costa, SerTão Jazz (com Amanda Cabral e Karol Maciel) e Spok Quinteto (com Maíra e Moema). Os artistas subirão ao palco montado no Fábrica Estúdio - com obediência aos critérios sanitários definidos pelas autoridades - e terão as performances transmitidas ao vivo pela plataforma do Panela no YouTube e nas redes sociais.
Todas as atrações selecionadas para o evento dialogam com o vigor artístico da obra do maestro, arranjador, compositor e multi-instrumentista pernambucano Moacir Santos, homenageado da edição virtual e - caso a pandemia arrefeça com a vacinação - física, prevista para ocorrer no bairro do Poço da Panela, em novembro, durante a Semana da Consciência Negra. O tema deste ano - “A musicalidade afro-brasileira no experimentalismo do jazz” - é inspirado na vida e na vasta produção do artista nascido em Serra Talhada, Sertão do Estado, radicado nos Estados Unidos e consagrado em palcos internacionais através de obras icônicas e parcerias celebradas com nomes da dimensão de Vinicius de Moraes e Kenny Burrell.
A curadoria do Panela do Jazz em 2021 fica a cargo do contrabaixista, arranjador, compositor e produtor musical Bráulio Araújo, uma das metades do Dois de Paus, escalado para o festival. Coube a ele a missão de montar uma grade artística alinhada à essência múltipla da obra de Moacir Santos e exclusivamente preenchida com atrações locais em resposta ao estímulo ao festival proporcionado pela Lei Aldir Blanc - fomento emergencial aprovado pelo Congresso para ajudar a cena musical prejudicada pela suspensão dos shows em virtude da pandemia da Covid-19.
“Montamos uma grade para mesclar tanto artistas com nomes consolidados na cena como novos talentos surgidos em Pernambuco, atrações bem-sucedidas na habilidade de fazer jazz e revisitar a tradição da nossa música. Tudo sob a influência do maestro Moacir Santos, a quem vão render tributos musicais. Todos nós já bebemos da fonte infindável da música dele, essa influência riquíssima da música afro-brasileira instrumental”, observa Braulio Araújo.
Oficinas
O frescor criativo e diverso da carreira de Moacir Santos também norteia a tradição do Panela de explorar ações educativas, culturais e comunitárias revestidas de relevância social e histórica através da oferta de oficinas musicais gratuitas nos dias anteriores aos shows. Quatro aulas de uma hora cada estão programadas para os dias 18 e 19 de fevereiro e serão ministradas online pelo maestro Spok e pelo pianista Amaro Freitas, no primeiro dia, e pela percussionista Lara Klaus e pelo guitarrista Luciano Magno, no segundo dia (serão às 18h e às 20h).
O festival
Criado em 2018, o Panela do Jazz se firmou no calendário cultural de Pernambuco através da capacidade de harmonizar atrações musicais, cênicas e circenses nacionalmente relevantes com ações educativas, artísticas, gastronômicas, econômicas e ambientais guiadas pela inclusão, pela valorização do patrimônio histórico, pelo respeito à diversidade, pelo estímulo à cidadania e ao desenvolvimento comunitário.
A edição de fevereiro se concentra no empenho solidário para mover a engrenagem da cultura pernambucana e garantir ocupação e visibilidade ao trabalho desenvolvido pelos artistas do Estado afetados pela paralisação forçada da crise sanitária. É, sobretudo, uma oportunidade de acalentar musicalmente o público afastado dos programas culturais com aglomeração.
“É muito significativo realizar essa edição, tanto para produtores quanto artistas e o público. Voltar o contato com a cena instrumental pernambucana bastante afetada pela pandemia. A música instrumental não é tão popularizada assim e, por isso, os músicos sofreram muito com essa paralisação e o afastamento dos palcos, daí a importância dessa vitrine, para valorizar, respirar. E é uma oportunidade de entretenimento levar música de qualidade à casa das pessoas, levar a cultura pernambucana”, avalia o idealizador do Panela do Jazz, o produtor cultural Antonio Pinheiro. |