Encontro idealizado pela ATeliê voadOR ocupa o Complexo Cultural da Barroquinha com ações artísticas e teóricas que visam discutir a produção artística contemporânea

O cantor, performer e compositor carioca Caio Prado é um dos artistas da Carnavalização, a ser realizada no dia 21 de março, no Espaço Cultura da Barroquinha, que integra o encontro festivo e intelectual Mínimos Óbvios - Ano II. Prado é reconhecido pelo seu trabalho no trio musical queer Não Recomendados, com os cantores Diego Morais e Daniel Chaudon, que vem "quebrando" as normas de binarismo de gênero na música e na performance.

Em sua participação, Caio Prado fará um pocket-show do seu terceiro e último trabalho solo "Precisamos Falar de Política", um aprofundamento de experiências sonoras do segundo disco autoral “Incendeia” (2018). Criado em parceria com os produtores Ivo Senra e Tostoi, "Precisamos Falar de Política" traz três singles calcados no momento político atual do país: “Golpistas” - cuja letra reflete a crise política e a ameaça à democracia que vive o país; “15 de março” - que traz a revolta e a  tristeza que acometeu Caio no dia da morte da vereadora Marielle Franco; e “Samba Livre” - que flerta a música eletrônica ao samba e faz reverência poética à liberdade de Lula.

Prado fala que o show tem um apelo político-social, “que envolve todo meu trabalho, até nas músicas mais poéticas, mas não é panfletário”. “É um show que busca quebrar os muros dentro dessa polarização política brasileira. O repertorio traz músicas que ressaltam o debate do movimento preto, o feminismo, a luta contra homofobia, entre outros”, antecipa o cantor.

O cantor-performer é considerado uma das revelações da Música Popular Brasileira e já teve a composição "Não Recomendados" incorporada ao repertório dos shows de Elza Soares e de outros artistas da cena contemporânea queer - Johnny Hooker, Liniker e Almério.

A Carnavalização é um encontro aberto e festivo, um espaço para intervenções artísticas que conta com a participação de diversas artistas da cidade, como a cantora Maira Lins e o grupo Diva Box. Marcado para iniciar às 20h, o encontro tem apresentação da Drag Queen Rainha Loulou e dos atores Talis Castro, Duda Woyda e Mariana Moreno.

Integram ainda a programação da Carnavalização a cantora Claudia Cunha, o cantor Di Cerqueira, as drags Gina de Mascar, Magenta, Bia Mathieu, Laura de Freitas, o poeta Alex Simões, o multiartista Xan Marçall (Coletivo das Liliths) e mais. Vale pontuar que, durante o segundo dia, o festival Mínimos Óbvios contará com um bar e stands de comida.

Renascer sobre o que se é personifica a poesia musicada do jovem Caio Prado, nascido e criado no bairro carioca Realengo. Seu primeiro álbum autoral é o disco “Variável Eloquente” (2015), lançado pelo projeto de música independente LEVADA 2015, construído em torno de um violão e um quarteto de cordas, apresenta uma compilação de crônicas poéticas guiadas pela voz límpida e potente do artista. O trabalho autoral do artista deu origem ao grupo Não Recomendados, homônimo de uma das suas canções.

Em 2018, Caio lançou seu segundo disco solo “Incendeia”, que traz temas urgentes da contemporaneidade - gênero, raça, liberdade de expressão, tolerância religiosa e resistência política. Com participação especial de Maria Gadú, o EP apresenta nove faixas autorais, produzidas pelo premiado Alê Siqueira (mesmo produtor de Tribalistas, Marisa Monte, Carlinhos Brown e Mayra Andrade), pelo selo MAIANGA DISCOS de Salvador.

Idealizado pela ATeliê voadOR Teatro, com apoio institucional do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Cultura e Sexualidade (NuCuS), vinculado ao Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da UFBA, nesta segunda edição o Mínimos Óbvios, que ocorrerá nos dias 20 e 21 de março, traz o tema interdisciplinar “Teatro, Estudos Queer e Produção Artística Contemporânea”. Vale lembrar que, a primeira edição ocupou o Cinema do Museu (Corredor da Vitória) num período de quatro meses - março a junho de 2016.

Num diálogo interdisciplinar entre as artes da cena e pesquisas acadêmicas, o Mínimos Óbvios - ano II terá uma programação com conferência, mesas redondas, estreia de espetáculo, leitura dramática, mostra de vídeo clipes e uma grande carnavalização, ações que, juntas, buscam discutir novas abordagens teóricas e práticas relacionadas à produções dissidentes.

Com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação do Brasil, este projeto artístico-acadêmico de ocupação é totalmente gratuito e aqueles que se inscreverem nas ações receberão certificado de até 15h. Para participar das mesas de debate, conferência, espetáculo e leitura dramática a inscrição é através do link

Além disso, a rica programação faz parte do “I Festival de Teatro do Brasil”, organizado por Grupos e Coletivos teatrais do Nordeste que tem como principal objetivo demarcar a luta contra a censura, criminalização dos artistas e o desmonte que o governo federal vem promovendo contra a cultura. O Festival acontece, simultaneamente, em 9 estados do Nordeste. O Mínimos Óbvios – ano II conta com o apoio institucional da Fundação Gregório de Matos.