O espetáculo A Mulher como Campo de Batalha realiza três apresentações no Teatro Vila Velha, entre os dias 3 e 5 de julho (sexta e sábado, 20h, domingo, 19h), antes de embarcar para os Estados Unidos, onde se apresenta no National Black Theatre Festival. Montada em 2014 pelo encenador Marcio Meirelles, a peça provoca reflexões sobre a situação da mulher no mundo e no Brasil, tomando como partida conflitos e violência na guerra da Bósnia. O texto é de Matéi Visniec, romeno que se tornou, nos últimos dois anos, um dos autores de teatro mais populares no Brasil.
A partir da existência da universidade LIVRE, o Teatro Vila Velha começou a produzir seus espetáculos com recursos próprios. Em dois anos, foram montadas dez peças e algumas delas participaram de três festivais internacionais - este é o quarto trabalho. "É sempre bom participar de festivais. A gente leva não só nosso trabalho para fora, mas sinaliza para o mercado internacional que temos uma produção artística de qualidade. Abre caminhos para outros rumos, diversifica a avaliação do que fazemos. A Bahia vivia muito fechada em si mesma, de uns tempos pra cá. Com os festivais locais com políticas de intercâmbio implantadas, começamos a respirar e nos expor mais. É bom", comenta Marcio Meirelles, diretor artístico do Teatro Vila Velha.
O espetáculo
A Mulher como Campo de Batalha narra o encontro de duas mulheres promovido pela guerra. Dorra, violentada por um grupo étnico inimigo durante o conflito na Bósnia. Kate, uma psicóloga que deixou a família nos Estados Unidos para trabalhar na escavação de valas comuns. Interpretadas pelas atrizes Iana Nascimento e Giza Vasconcelos, as personagens estabelecem uma relação conflituosa, que, com o tempo, dá espaço para que encontrem uma na outra a possibilidade de reconstruir um equilíbrio.
A obra de Visniec é uma ficção, mas foi construída a partir de uma vasta pesquisa e de uma série de relatos de vítimas da guerra que arrasou a região dos Bálcãs, na Europa, durante os anos 90. Estima-se que durante o conflito da Bósnia entre 20 mil e 50 mil mulheres foram violentadas. O estupro das esposas, mães e filhas do inimigo étnico era como uma estratégia militar para desmoralizar seu inimigo. Na Guerra da Bósnia, o sexo da mulher tornou-se um campo de batalha.
Montado pela primeira vez no Brasil, o espetáculo aproxima da realidade do país as discussões sobre as violências sexual, étnica e de gênero, a guerra, o poder, o imperialismo, entre outros temas levantados pelo texto. Recursos tecnológicos como projeções audiovisuais e transmissão de vídeos em tempo real, criados por Rafael Grilo, auxiliam na construção da dramaturgia. A trilha sonora é assinada por Caio Terra.
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