O momento não poderia ser mais oportuno. Em meio a um conturbado momento político, ondas de violência, golpes e massacres, o Teatro NU entra em cartaz, em Salvador, com sua nova versão de Os javalis.

Um homem solitário e recluso, averso a visitas, recebe a inesperada invasão de um pretenso vendedor que diz que os javalis já destruíram a humanidade inteira, e que só restam eles dois no mundo. Em diálogos aparentemente absurdos, a trama vai ganhando contornos inusitados, entre os questionamentos sobre o real golpe dado pelos javalis e os medos e receios que contaminam ambos os personagens, até que uma reviravolta muda o sentido das coisas.

Escrita em 1998, quando ainda era aluno da Escola de Teatro da UFBA, a peça de Gil Vicente Tavares foi publicada pelo PPGAC-UFBA, em 2000, e novamente em 2015, como um dos apêndices de seu livro sobre o Absurdo no teatro.Em 2006, Gil foi a Roma ver uma leitura encenada da peça, juntamente com Os amantes II, outra peça dele também traduzida por Letizia Russo que, dois anos depois, escreveria um belo texto 
falando sobre Os javalis para o programa da primeira montagem.

Montada em 2008, a peça encerrou o Festival do Teatro Brasileiro em Fortaleza, em 2009, e circulou pelo interior da Bahia em 2010. Em 2013, a peça voltou a Salvador em cartaz, mais uma vez. Em 2014, Os javalis ganhou uma montagem no Rio de Janeiro, com direção e atuação de Emiliano d’Avila, que dividiu o palco com Rafael Medrado.

Depois de experimentar uma versão “de bolso” do espetáculo, que se apresentou em Prado e Buerarema no primeiro semestre de 2016, o grupo resolveu investir numa nova versão da peça, modificando cenário, luz, efeitos sonoros e até mesmo pequenos trechos dos diálogos, fazendo assim uma nova montagem do espetáculo, que ficará em cartaz todas as sextas no Teatro SESI do Rio Vermelho, às 20h, a partir do dia 5 de agosto. O elenco permanece o mesmo da primeira versão, com Marcelo Praddo e Carlos Betão, com direção de Gil Vicente Tavares e iluminação de Eduardo Tudella.

A concepção do espetáculo se metamorfoseou para falar ainda e sempre dos javalis que nos assombram por aí. E você, vai perder de saber se os javalis estão chegando ou já chegaram?