Retorna ao palco do Teatro Vila Velha, nos dias 24, 25 e 26 de março (sexta e sábado, 20h, e domingo, 19h), o espetáculo “ERÊ”, que estreou em 2015 para marcar os 25 anos de história do Bando de Teatro Olodum. No palco, 20 artistas usam a arte, com traços próprios do Bando, para exigir o fim do assassinato de jovens e crianças negras e garantir o futuro de dignidade e oportunidades aos Erês - nome dado às entidades infantis na religiosidade de matriz africana.
A peça tem concepção geral de Lázaro Ramos, direção de Fernanda Júlia e Zebrinha e dramaturgia de Daniel Arcades (Exú, a Boca do Universo e Revelo). O elenco reúne os veteranos atores da companhia a novos artistas que foram integrados ao grupo. “ERÊ” conta ainda com direção musical de Jarbas Bittencourt e coreografia de Zebrinha.
A montagem é inspirada no espetáculo “Erê pra toda a vida/Xirê”, criado pelo próprio Bando de Teatro Olodum, sob direção de Márcio Meirelles, para participação no Festival Carlton Dance, em 1996, com apresentações no Rio de Janeiro e São Paulo, e uma turnê por Londres, sem nunca ter sido apresentada em Salvador.
Chacinas - A nova montagem é mais política e questionadora, e traz à tona as diversas chacinas que tiveram como alvos jovens e crianças negras, como a da Candelária (RJ), Cabula (SSA), Vigário Geral (RJ), Favela Naval (Diadema-SP) e Acari (RJ) tragédias que se abateram sobre a população negra do Brasil, muitas delas impunemente. Foi o caso da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão-RJ, quando 13 pessoas foram mortas em uma única ação policial, em 1994, e outras 13, seis meses depois, e até hoje, nenhum culpado foi punido. Injustiças que já levaram o Brasil a ser denunciado em órgãos internacionais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
“Os anos se passaram e essas chacinas continuam e o teatro negro segue fazendo a denúncia. Só que neste espetáculo estamos mais exigentes, estamos apontando possibilidades, colocando o poder público no lugar que deveria estar e dizendo que não dá mais para continuar matando negro neste país. São meninos morrendo erês, sem se tornarem mais velhos”, destaca Fernanda Júlia, que somará sua experiência à frente do Núcleo de NATA (Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas), fundado em 1998, ao talento do elenco e diretores do Bando de Teatro Olodum, criado oito anos antes do grupo de Alagoinhas.
“O Bando influenciou o NATA e agora o NATA retoma para dialogar com o Bando com tudo que recebeu de influência”, ressalta Daniel Arcades, outro integrante do NATA incorporado ao processo de montagem de Erê. Foi dele a responsabilidade de transformar em cenas os discursos problematizados pelo Bando. “Lázaro Ramos tem sido o provocador, que dá o caminho político e eu estou construindo as situações, as cenas, experimentando as palavras na boca dos atores. A parceria tem sido fantástica”, elogia.
Ficha Técnica: Concepção Cênica: Lázaro Ramos Texto: Daniel Arcades Direção: Fernanda Júlia / Zebrinha Assistente de direção: Antônio Marcelo Direção Musical: Jarbas Bittencourt Arranjos: Jarbas Bittencourt / Cell Dantas / Daniel Vieira ( Nine) / Maurício Lourenço Coreografia: Zebrinha Assistente de Coreografia: Arismar Adoté Junior. Figurino: Thiago Romero Cenário: Zebrinha Iluminação: Rivaldo Rio Marco Dedê Fotografia: Andrea Magnoni Produção: Bando Produções Artísticas Coordenação de Produção: Valdineia Soriano Equipe de Produção: Cassia Valle - Fábio Santana - Jorge Washington -Ridson Reis Elenco: Cássia Valle – Deyse Ramos – Elane Nascimento – Gabriel Nascimento - Gerimias Mendes – Jamile Alves – Jorge Washington – Leno Sacramento Lucas Leto – Merry Batista – Naira da Hora – Renan Mota - Ridson Reis - Sergio Laurentino - Shirlei Sanjeva – Valdineia Soriano – Vinicius Carmezim Ator Convidado: Rui Manthur Músicos: Cell Dantas – Daniel Vieira ( Nine) – Maurício Lourenço |