Representações históricas das mulheres negras, somadas às representações contemporâneas, bem como exposições negativas e estereotipadas na mídia e na cultura, serão temas do debate público promovido pela CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço e SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia, na próxima quinta-feira (09/11), às 19h, no auditório do MAB – Museu de Arte da Bahia.
A iniciativa que tem como objetivo contribuir para fortalecer o protagonismo das mulheres negras no debate público e nos processos de participação social, faz parte da Ação "Mulheres Negras e Populares: Traçando Caminhos e Construindo Direitos", com financiamento da União Europeia no Brasil.
Na ocasião, haverá a apresentação do projeto multilinguagens Isto Não É Uma Mulata, com o solo performático da atriz Mônica Santana. O espetáculo trabalha de forma irônica com as mesmas questões abordadas no debate, visitando clichês na representação da mulher negra, por vezes, reduzida ao trabalho doméstico, à sensualidade, ao corpo exuberante.
Para Rosana Fernandes, assessora de projetos e formação da CESE, estamos inseridos/as numa sociedade moldada por noções de gênero e raça, e discussões como essas são fundamentais para resistência e enfrentamento: “Vivemos em contexto racista e sexista, em que as pessoas vivem rodeadas por preconceitos e estereótipos relecionados a mulher negra. Essa condição perpetua subempregos, baixo grau escolaridade e uma série de barbaridades e atos violentos”. E completa: “Estaremos reunidas para dizer não a tudo que não nos representa, e também para lutar por nossos direitos e espaços de articulação, discussão e decisão.”
Este evento contará com a participação de lideranças do movimento de mulheres e do movimento negro dos estados do Norte e Nordeste, gestores/as públicos, parlamentares e lideranças do movimento popular. A entrada é gratuita e por ordem de chegada. Os ingressos serão distribuídos a partir das 17h, no local, pela equipe CESE/SOS CORPO.
Sobre a CESE
A CESE é uma entidade ecumênica que, há 44 anos, atua para fortalecer movimentos sociais e grupos populares que lutam por transformações políticas, econômicas e sociais, focando estruturas em que prevaleçam a democracia com justiça, intermediando recursos financeiros e compartindo espaços de diálogo e articulação.
A entidade tem sede em Salvador, Bahia, e apoia projetos em todo o Brasil. As organizações prioritárias para receber apoio são movimentos sociais populares, associações, sindicatos, grupos de base, cooperativas, fóruns e articulações, organizações não-governamentais de apoio e assessoria ao movimento popular, organizações ecumênicas e setores de ação social de igrejas.
Sobre o SOS Corpo
O SOS Corpo é uma organização da sociedade civil, autônoma, sem fins lucrativos, fundada em 1981 e com sede em Recife, Pernambuco, que atua há 35 anos em prol da emancipação das mulheres, propondo a construção de uma sociedade democrática e igualitária com justiça socioambiental. Sua ação é fundamentada na ideia de que os movimentos de mulheres, como movimentos sociais organizados que lutam pela transformação social, são sujeitos políticos que provocam mudanças nas condições de vida das mulheres em geral. Para o instituto, a luta contra a pobreza, o racismo e a homofobia são dimensões fundamentais do feminismo, da transformação social para o enfrentamento do sistema capitalista, racista e patriarcal, produtor de desigualdades e sofrimento humano.
Sobre a Peça
Solo que transita entre o teatro e a performance, compondo uma espécie de manifesto estético sobre a representação da mulher negra. A invisibilidade, a visibilidade reduzida, os estereótipos, o silenciamento, a exotização e a hipersexualização são alguns dos pontos tocados em Isto Não É uma Mulata, de conotação feminista e de denúncia do racismo. Emprega humor, ironia, referências de cultura pop e de massa, o solo dialoga com grandes divas da música internacional como Beyoncé e Nina Simone, além de evocar o universo do samba e do carnaval.
Mônica Santana Mônica Santana é mestre em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas e bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) pela UFBA. É especialista em Jornalismo e Direitos Humanos pela UniJorge. Atua como atriz, com dois solos teatrais em sua trajetória. O primeiro deles foi Aprendizagem (2011). Já Isto Não É Uma Mulata (2015) lhe rendeu o Prêmio Braskem de Teatro Baiano 2015 na Categoria Revelação e garantiu a inclusão na lista das 25 Mulheres Negras Mais Influentes da Internet em 2015, segundo o site Blogueiras Negras. Integrou o grupo Vilavox, no qual participou das montagensCanteiros de Rosa, Primeiro de Abril e Labirintos. Desenvolveu por dois anos o projeto de crítica Papo Teatral (www.papoteatral.com.br). Como jornalista, atuou na organização não governamental CIPÓ Comunicação Interativa de 2004 a 2016. |