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Zucco
Quarta-feira 14 Março 2018, 20:00

Acessos : 1988

Inspirada na trajetória psicopata do assassino italiano Roberto Succo, em 1988, o dramaturgo frânces Bernard-Marie Koltès escreveu a peça Zucco que busca colocar uma lupa de aumento para esmiuçar a violência e a crueldade que existe nas interações cotidianas.
Em uma das cenas, depois de já ter feito várias vítimas, o jovem rapaz declara: “Eu sou como um hipopótamo afundado na lama, que se movimenta muito devagar e que nada poderia desviar do caminho nem do ritmo que ele decidiu tomar”.
As aspas anteriores são da personagem Roberto Zucco, nome homônimo da peça – Zucco, espetáculo que será encenado pelos formandos de Interpretação Teatral da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Etufba), de 03 a 18 de março, de quarta-feira a domingo, no Teatro Martim Gonçalves, localizado no bairro do Canela. A montagem tem direção de Gil Vicente Tavares e a temporada será inteiramente gratuita.
Zucco contará ainda com um time de peso. Luciano Salvador Bahia, na direção musical. Eduardo Tudella, na Iluminação. A coreógrafa Bárbara Barbará é a responsável pela direção de movimento. Já a figurinista e performer Tina Melo, professora da Etufba, assina o figurino e a maquiagem.
Elementos Cênicos
Escolhida em conjunto pelos atores e direção após a leitura de diversas dramaturgias, a peça é uma boa escolha para os treze atores que estarão em cena, pois permite que todos tenham o seu momento de destaque ao longo das 15 cenas.
O diretor conta que, antes de trabalhar na construção das cenas, fez um laboratório de corpo com os atores, que contou com a participação da coreógrafa e bailarina Bárbara Barbará. “Neste trabalho, trouxe algumas referências musicais como Sepultura, Baco Exu do Blues, entre outras composições, para que os atores pudessem compreender os tônus que as cenas exigiam. Zucco é uma montagem que tem muita agressão e tensão”, explica.
Já a trilha sonora de Zucco, criada por Luciano Salvador Bahia, está sendo construída para ressaltar estes sentimentos e serão utilizados timbres graves com o contrabaixo e tímpanos. “São pequenos trechos musicais que serão usados principalmente nas passagens entre as cenas. Teremos uma cama grave feita de percussão e cordas que servirá de base para muitas cenas, tendo seu volume alterado nos momentos de maior tensão. Tudo isso, visando aumentar ainda mais o clima pesado e violento que as cenas já trazem”, reforça.
Muitas cenas do espetáculo ocorrem em cenários abertos, para isso, o diretor musical decidiu microfonar o cenário para que os passos e movimentos de cadeiras sejam amplificados causando uma valorização do ruído natural desses movimentos. “Por fim, a utilização de um saxofone tocado ao vivo por uma das atrizes completa a nossa paleta de sons”, acrescenta Bahia.
Dramaturgia
A peça é apresentada em quadros interligados e desperta uma reflexão sobre o nosso tempo. Zucco traça um panorama de uma sociedade que carece de afeto nas relações humanas. A falta de amor fica evidente mesmo dentro do núcleo familiar. No seu lugar só se vê violência, crueldade e intolerância.
Koltès construiu uma peça movida por ações, em que os crimes cometidos por Zucco não seguem uma lógica consciente, ou seja, não existem psicologismos ou explicações concretas para seus atos. O personagem simplesmente age. Não existe dor ou arrependimento em Zucco. Para ele, o ato de matar nada tem de amoral.
“Eu não tenho inimigos e eu não ataco. Eu acabo com os outros animais não por maldade, mas porque eu não os vi e porque eu pisei em cima deles”, defende-se Zucco. O dramaturgo francês cutuca, provoca e sacode várias esferas sociais. Em meio à poeira que sobe, podemos perceber quanta contradição também existe por trás das máscaras das pessoas comuns.
Para o ator Júnior Brito, Zucco é uma montagem que retrata um universo cruel e paralelo ao nosso, que conecta pontos da subjetividade humana à história revisitada de um assassino real. “As personagens divagam por seus universos interiores, enquanto as verdadeiras sombras escapam na frente dos olhos cansados ou treinados para não ver, daqueles que poderiam ser o impulso para a mudança”, metaforiza o formando do curso de interpretação teatral da Etufba.
Já o outro formando, Felipe Viguini, acrescenta que o texto traz pessoas comuns que não conseguem interagir sem se agredir. “Esta é a síntese da peça para mim. Em paralelo, basta observar os comentários nas redes sociais para perceber que isso é muito mais real do que qualquer ficção. É o teatro servindo de espelho torto da sociedade”, realça.
Paralelos
Apesar do espetáculo ter sido escrito no final da década de 1980, podemos perceber que os assassinatos de Zucco trazem reflexos da nossa falta de empatia diante de situações contraditórias: a não defesa da mulher que é violentada cotidianamente; as câmeras que filmam os corpos estendidos em avenidas; as agressões gratuitas nas redes sociais; o não estender de mão em situações de vulnerabilidade; entre outras circunstâncias que deixamos de demostrar afeto.
A respeito disso, o diretor Gil Vicente Tavares, declara que através deste texto é possível se desconectar da realidade para se reconectar através de um outro tempo-espaço. Para ele, Zucco coloca nossa sociedade em cheque, através da discussão da violência, da família, da tolerância e da loucura que está entre nós.
“É um religare. É uma peça que traduz essa cidade marcha de  crescimento e da violência que a cidade de Salvador se transformou. Além disso, podemos fazer um paralelo com o Brasil atual, que vive um momento muito ríspido e agressivo. O texto mostra também o cidadão trancafiado em seu mundo e reativo a qualquer coisa que vem do outro”, declara.
Direção
Zucco conta com a direção de Gil Vicente Tavares, professor da Universidade e diretor de grande reconhecimento no cenário teatral baiano. Em 2017, Gil montou duas peças, Os pássaros de CopacabanaUm Vânia, que juntas receberam 9 indicações ao Prêmio Braskem.
Entre os espetáculos recentes podemos destacar também Sargento Getúlio (2011), que recebeu os Prêmios Braskem de melhor espetáculo adulto e melhor ator, além de ter rodado o Brasil com o Palco Giratório; Quarteto (2014); Caymmi: do rádio para o mundo (2014); SADE (2015), texto de Gil, que recebeu o Prêmio Braskem de melhor texto.
Para Tavares, a adaptação de Zucco é um rito de passagem para esses estudantes que estão saindo da academia para entrar no mercado profissional. “Eles estão levando para cena um texto que se tornou um clássico do teatro contemporâneo. Além de estarem experimentando o trabalho em coletivo – são quase 30 pessoas na equipe”, acrescenta o diretor, que convida o público para ver os formandos dando o melhor de si e assistir a transformação desses corpos que estão indo para o mercado profissional.
 Ficha Técnica
Texto: Bernard-Marie Kolte?s
Direção e Cenário: Gil Vicente Tavares
Assistência de Direção: Guilherme Hunder
Elenco: Ana Scheidegger, Águeda Tavares, Artur Moura, Carluce Couto, Dimitria Herrera, Fábio Machado, Felipe Viguini, Genário Neto, Junior Brito, Klaus Hastenreiter, Mila Lapa, Ronei Silva, Tulasi Devi
Direção de Movimento: Bárbara Barbará
Direção Musical: Luciano Bahia
Iluminação: Eduardo Tudella
Figurino e Maquiagem: Tina Melo
Pinturas: Zivé Giudice
Design Gráfico: Guto Chaves
Fotografia: Diney Araujo
Direção de Produção: Felipe Viguini
Produção Executiva: Fernanda Beltrão
Assessoria de Comunicação: Théâtre Comunicação - Rafael Brito
Produção Audiovisual: Olho de Vidro Produções

 

Valor Grátis

Escrita pelo dramaturgo francês Koltès, a peça traz uma reflexão sobre o nosso tempo, a violência social e uma sociedade que carece de afeto.

Localização  Teatro Martim Gonçalves - Canela
Rua Araújo Pinho 292. Canela
Brasil/Bahia/Salvador
40110-010

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