Eudemonia trata com leveza, bom humor e emoção as questões relacionadas ao feminino e à repressão, que é abordada no contexto da ditadura militar brasileira através da história da escritora Cassandra Rios. A autora escreveu mais de 40 romances best-sellers, a maioria censurados pelos militares e que tratam principalmente da sexualidade feminina e erotismo. Ela foi a primeira escritora brasileira a atingir a marca de 1 milhão de exemplares vendidos.

A história da autora serve de pano de fundo para a encenação, que desenvolve episódios que trazem à tona questões relacionadas à sexualidade e afetividade feminina, e representatividade da mulher nas artes. A proposta é refletir sobre esses assuntos e relacioná-los no contexto atual com o das décadas de 1960 e 1970.

O subtítulo em memória a uma peça nunca encenada é uma referência à montagem do texto de Cassandra Rios que foi interrompida no primeiro ato e nunca mais voltou aos palcos. “Eu monto Eudemonia para dar visibilidade à mulher sapatão no teatro – e Cassandra Rios é uma figura muito representativa nesse sentido: escritora, lésbica, censurada e invisibilizada. Ainda em 2018 precisamos falar sobre dar voz à mulher e o próprio prêmio Braskem deste ano nos mostrou o quanto ainda temos um longo caminho a percorrer. Apenas uma mulher foi premiada além da categoria fixa de melhor atriz. Também somos pensadoras da cena”, reivindica a diretora Letícia Bianchi.

O espetáculo, que estreou em setembro de 2017 no Teatro Gamboa Nova, foi escrito por Sophia Colleti e Letícia Bianchi, em colaboração com o elenco, formado apenas por atrizes: Alice Gramacho, Giovana Boliveira, Isadora Werneck, Larissa Libório e Luísa Domingos. Também estão no palco as musicistas Jamille Cazumbá e Paola Dalva Káká. Eudemonia é resultado da disciplina Laboratório de Direção Teatral – a cena aberta, da Escola de Teatro da Ufba e a equipe é formada majoritariamente por estudantes.

Próximos projetos

Estudante do sétimo semestre de Direção Teatral, Letícia Bianchi atualmente se dedica à sua pré-formatura. A artista estreia na segunda quinzena de agosto o espetáculo Memórias do Mar Aberto: Medeia conta sua história. Com dramaturgia de Consuelo de Castro, a montagem traz a atriz Vica Laert no papel principal. O texto é uma adaptação do clássico grego escrito por Eurípides.