Martin Page é um prestigiado autor francês, relativamente jovem (nasceu em 1975), cujo romance de estreia “Como me tornei estúpido” converteu-se em sucesso de vendas e de crítica, e foi traduzido para mais de 15 países. Este projeto propõe uma adaptação do referido romance, por meio de um irônico espetáculo-solo, que faz referência aos conhecidos TEDXs, misto de conferência e performance, com o objetivo de expor e comentar uma série de questões contemporâneas relativas à convivência humana num mundo globalizado, competitivo e hiperconectado.
O argumento do livro, e também do espetáculo, gira em torno de um personagem que sofre por pensar demais. Infeliz por sua compulsão em racionalizar e comprender tudo e a todos, o personagem tenta, de diversas formas ,“se tornar estúpido” para alcançar um pouco de paz e felicidade.
“Eu tomei essa decisão depois de constatar repetidas vezes que a inteligência é uma palavra que designa baboseiras bem construídas, lindamente pronunciadas, e que é tão traiçoeira que freqüentemente é mais vantajoso ser uma besta que um intelectual consagrado. A inteligência torna a pessoa infeliz, solitária e pobre, enquanto o disfarce de inteligente oferece apenas a imortalidade efêmera do jornal e a admiração dos que acreditam no que lêem” – diz o personagem.
Com muita ironia e bom-humor, o espetáculo apresenta uma espécie de aula performática sobre o tema. A partir de sua experiência pessoal, como acontece nos famosos TEDXs, o personagem/conferencista aborda diversos episódios hilários sobre suas tentativas de se tornar estúpido, inclusive interpretando cenas com vários personagens que interagem ao mesmo tempo. De forma dinâmica e divertida, COMO SE TORNAR ESTÚPIDO EM 60 MINUTOS propõe uma reflexão sobre comportamentos controversos e recorrentes na sociedade atual.
Concepção cênica
Baseada nas noções de rapsódia e de teatro performativo, a encenação propõe a realizacão de uma aula performática que, ao invés de utilizar projetor e slides explicativos, acompanhados de fotos ou de reprepresentações figurativas dos tópicos abordados, utiliza o próprio espaço (no caso de espaços com chão e paredes pretos), ou uma grande lousa preta, onde são desenhados e escritos, pelo ator/performer, imagens e discursos. Nesses espaços predominantemente pretos (chão, paredes ou lousa), o ator/performer desenha com giz colorido, escreve, anota citações, traduz visualmente seus assuntos, apaga e refaz diversas vezes, construindo a cenografia no decorrer da apresentação, ao vivo, e compondo, ao fim, uma espécie de grande mural, repleto de ideias livremente associadas, inspirado no estilo POP Art, particularmente na visualidade das obras do artista plástico Jean-Michel Basquiat. Esse espaço preto, cheio de registros coloridos de giz, sugere uma paisagem subjetiva: a imaginativa e caótica mente da personagem (e, em última análise, de todos nós).
Além de construir a cenografia ao vivo, o ator/performer toca bateria e aciona efeitos sonoros, performando não apenas uma trilha para o espetáculo, mas criando ao vivo uma paisagem sonora dos acontecimentos interpretados e assuntos debatidos.
Com uma estrutura simples, mas de grande impacto visual e sonoro, esta sarcástica comédia irá convidar espectadores de todos os gêneros e faixas etárias para uma divertida reflexão sobre os intrigantes condicionamentos e neuroses do mundo atual.
Ficha Técnica
Ator/performer – Rafael Medrado
Encenação – João Sanches
Dramaturgia – João Sanches e Rafael Medrado (A partir da obra de Martin Page)
Concepção visual (cenografia, figurino e iluminação) – João Sanches
Responsável Técnico: Marina Fonseca
Operação/performance de luz, som e cenografia – Rafael Medrado
Paisagem sonora – João Sanches, Leonardo Bittencourt e Rafael Medrado
Produção – João Sanches, Luana Bistane , Rafael Medrado e Milena Leão
Realização: Carambola Produções |