Joãozinho da Gomeia: De filho do tempo a Rei do Candomblé | KarmaCírculus Cia de Teatro (RJ)
O poema cênico, escrito e dirigido por Átila Bezerra, com adição de fragmentos de textos ditos pelo próprio João Alves de Torres Filho, é um mergulho na forte personalidade do homem que popularizou o candomblé no Brasil.
Baiano de Inhambupe, no interior da Bahia, João viu sua vida se transformar quando ainda criança foi à cidade de Salvador em busca da cura para uma doença que o atormentava. Iniciou sua trajetória religiosa em 1931 e levou a dança dos Orixás para os palcos de teatros de Salvador. Em 1946 mudou para o município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde alcançou poder e fama e se tornou um dos mais importantes babalorixás da história do candomblé no Brasil.
Figura polêmica, Joãozinho da Goméia era negro, homossexual, artista e apaixonado pelo carnaval. Não tinha papas na língua e muito menos medo de ser ousado e revolucionário dentro da religião. Era considerado um homem a frente de seu tempo que não se envergonhava de ser homossexual na homofóbica Bahia do início do século XX, pai-de-santo que afrontava os princípios de que homens não podiam “receber” o Orixá em público, tornando-se famoso pela sua dança; vestia-se de mulher para brincar carnaval. Para o autor e diretor do espetáculo, Atila Bezerra, a montagem resgata uma história pouco conhecida, mas de extrema importância para a cultura afro-brasileira:
“Há 2 anos eu vinha fazendo a performance “Joãozinho”, de aproximadamente 6 minutos de duração. O espetáculo começou a ser construído a partir deste trabalho e não poderia nascer em momento mais oportuno. João da Goméia é uma personalidade que nos permite levar pra cena discussões urgentes a cerca do racismo, homofobia e intolerância religiosa, num momento em que o país insiste em retroagir, principalmente no que diz respeito às questões de direitos humanos”, conta Átila Bezerra.
EPA
Outubro é o mês dedicado a difusão da arte negra e da periferia. Isso mesmo está chegando a 3ª edição do Encontro Periférico de Artes – EPA!
O evento valoriza as manifestações artísticas afro-brasileira, presentes em bairros populares de Salvador. A abertura oficial será realizada no dia 02 de outubro, mas as oficinas serão iniciadas já no dia 01. Para abrilhantar a festa, os espectadores vão contar com a apresentação do Malê Debalê (BA) e Cia Baile.
Promovido e idealizado pela Companhia de dança ExperimentandoNUS, o encontro reúne diversas linguagens artísticas, como dança, oficinas, debates, exposições, performances, literatura, audiovisual. Toda programação é gratuita.
Um dos momentos mais esperado é a Batalha do Pagode, que será realizada no dia 06 de outubro de 2019, no Teatro Gregório de Mattos, às 14 horas. A competição vai reunir os 24 selecionados.
Inscrições para Batalha
https://forms.gle/1bz6gby8BfGdaDL16
Espetáculos
A programação também conta com apresentações de artistas de outros estados, como Zé Viana Junior (CE), com o CorpoCatimbó; Joãozinho da Gomeia, com a apresentação; “De filho do tempo a Rei do Candomblé”, KarmaCírculus Cia de Teatro (RJ).
Oficinas
Dentro da programação, destaque também para as oficinas de Stencil - Estamparia, Dança Afro, Afroturismo, Literatura Negra, Percussão Corporal, Passinho e Ateliê de Contos. O encontro também vai contar com uma roda de conversa sobre o Mercado de trabalho de Pagode Baiano.
O Encontro Periférico de Artes – EPA! tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia. |