A África não pode ser explicada de forma simples, afinal é lá que bate o coração do mundo, é lá o berço do saber. Pouco ou nada se falou as crianças de hoje o quão diverso é este continente e de sua importância para construção da identidade brasileira. Logo, tornam-se necessárias ações que promovam este rico e mágico universo.
Apresentar esse universo as crianças de hoje é proporcionar a elas uma visão afastada do eurocentrismo lhes apresentada em suas escolas. Nos livros didáticos, principal fonte de acesso aos conteúdos histórico nas escolas, a África é nos apresentada de forma estereotipada e preconceituosa. Já está mais que na hora de desfazer estes conceitos, dando a verdadeiro mérito deste continente e seu povo evidenciando a importância do seu legado para o povo brasileiro.
Somos filhos de além mar, somos filhos da diáspora! Logo, Tem Oba Oba no Baobá pretende promover este legado encantado vindo de África, o legado ancestral. Nina Zina é um jabuti brasileiro que vive a contar histórias do seu povo, histórias de seus antepassados que espalharam por aí fragmentos de sabedoria que ela reúne ao contar suas histórias. Na sombra da árvore sagrada, Irôko, aos fins de tarde todos se reúnem para ouvir as saborosas histórias da sábia Jabuti.
As fábulas contadas por Nina Zina são todas histórias passadas de geração em geração, vividas por seus antepassados em um tempo ancestral. A Jabuti, retoma a tradição griô, sábios africanos contadores de histórias, para narrar três fábulas: A Sabedoria do Mundo, Festa no Baobá e o Segredo do Caçador, ambas de tradição da nigeriana, país da costa Oeste da África. É a partir dessas histórias que o espetáculo pretende provocar os pequenos espectadores acerca de temas importantes na contemporaneidade como a importância da ancestralidade, aos que vieram antes de nós, racismo e intolerância religiosa.
As personagens das histórias contadas, são animais, em sua maioria protagonizada por uma Jabuti, avô, avó, bisavô, tataravô de Nina Zina, reforçando o elo ancestral e a necessidade de reafirmar e legitimar o passado para viver e acontecer o presente e o futuro. Por fim, são contos ditados pelo tempo com o perfume da África.
No palco os atores se revezam interpretando os jabutis griôs, contadores de histórias, e as personagens dessas fábulas que refletem características e ações humanas. Na verdade são sábias histórias que sempre nos deixam uma reflexão quanto a nossa conduta e o nosso comportamento na sociedade. A encenação pretende unir ancestralidade e contemporaneidade a fim de acessar o universo da meninada, principal público alvo do espetáculo, somando jogos tradicionais africanos com os games do universo o qual estão imersos.
Para os Iorubás, um dos muitos povos africano da Nigéria que se destacou muito no Brasil pela sua resistencia religiosa, o mundo é movido e controlado por uma força motriz, o axé. É ele a nossa vital, é ele a nossa marca ancestral. Festa no Baobá é um convite para que possamos acessar, principalmente as crianças de hoje, esta energia vital viva em nós e nos apropriarmos dela como parte da nossa identidade.
FICHA TÉCNICA
Texto – Adaptação de Guilherme Hunder e Genário Neto a partir dos livros O Amuleto Perdido e Outras Lendas Africanas de Magdalene Sacranie, Tem Oba-oba no Baobá de Cláudia Lins, O Jabuti e a Sabedoria do Mundo de Vilma Maria e As Aventuras de Torty, a Tartaruga de Sunny.
Encenação e figurinos – Guilherme Hunder
Canções originais – Ray Gouveia
Direção Musical – Ray Gouveia e Felipe Pires Cenário – Zuarte Jr.
Iluminação – Alison de Sá
Programação Visual – André Luís Silva
Direção de produção – Guilherme Hunder
Produção Executiva – Sidnaldo Lopes e Eric Lopes
Elenco – Larissa Libório, Diogo Teixeira, Joshy Varjão, Nitorê Akadã, Igor Nascimento e Thiago Ribeiro |