A cada 2 dias uma mulher morre por abortar de maneira insegura, é estatisticamente comprovado, que a criminalização do ato não impede que anualmente sejam realizados cerca de 1 milhão de abortos, segundo dados do Ministério da Saúde. Uma estatística assustadora que retrata o trágico capítulo na vida de diversas mulheres no Brasil afora em consequência da criminalização do aborto.
Colocar este tema em pauta e romper barreiras é o objetivo do espetáculo A Reza, que retorna a cartaz em sua versão para o teatro digital, através de transmissão na plataforma Sympla, de 01 a 10 de Abril, às 20h, com a retirada de ingressos por meio da própria plataforma, no link (www.sympla.com.br/espetaculo-a-reza__1171847), também disponível na Bio do Instagram. Após cada apresentação ocorrerá Lives debates com convidados especialista da área de saúde e educação, alternados com Lives interativas com o espectador nas redes sociais (Youtube, Facebook e Instagram). Sendo que no canal do Youtube o espetáculo permanecerá disponível até o mês de maio.
Com atuação de Andréia Fábia e direção de Juliana Roiz, dramaturga e fundadora da Cia Filhas de Lilith, o monólogo traz uma linguagem poética permeada de simbolismo e experiência dos sentidos. A obra faz um alerta sobre a negação de direitos básicos e a privação do poder de decisão sobre seus corpos, sobretudo para mulheres negras.
No Brasil o aborto voluntário é expressamente proibido e tipificado como crime pelos artigos 124 a 126 do código Penal. Acreditando que discutir a descriminalização é pautar a relevância da vida das mulheres, perceber o quão racista e classista é a criminalização, Juliana Roiz propõe, através do espetáculo, uma reflexão sobre o processo do aborto. A motivação, dores físicas e psicológicas enfrentadas por mulheres que tomam essa difícil decisão, além do preconceito, fazendo um link com a influência das crenças religiosas, estão presentes no projeto intimista.
A PEÇA
A Reza traz uma personagem negra, em situação de vulnerabilidade social, desamparada e que realiza um aborto caseiro em cena, tendo como único apoio a sua fé no divino, ao qual roga ao mesmo tempo por força e absolvição. Durante toda a apresentação, a negação ao direito de decidir sobre o próprio corpo é trazida como mais uma expressão da mentalidade machista e misógina em que se encontra estruturada a nossa sociedade.
"A Reza é uma ação artística que promove uma maior conscientização a respeito da privação de direitos humanos básicos que ainda se encontram submetidas as mulheres, e que visa contribuir para suscitar um debate urgente e necessário pela garantia de sua saúde e vida”, trouxe Juliana Roiz.
A apresentação também engloba o racismo, por ter recorte do feminismo negro e dar destaque para a temática da solidão da mulher negra, que é quem mais sofre com a clandestinidade, em um país como o Brasil, em que a desigualdade social está intimamente ligada ao preconceito racial, dificultando o acesso de mulheres mais pobres, majoritariamente negras, a procedimentos seguros e sigilosos.
“É impossível falar ou pensar nas vítimas do aborto sem remeter ao recorte racial, envolto na temática. Trazer o assunto à tona por meio de um espetáculo tão visceral é expor quão doloroso é pra mulher essa escolha, assim como, serve para desmistificar a ideia romantizada que os defensores do patriarcado insistem em difundir a respeito do tema”, afirma Andréia Fábia.
A Reza é um espetáculo que retrata um trágico capitulo na vida de diversas mulheres devido a criminalização do aborto. Através de uma linguagem poética, repleta de simbolismo, o solo convida a uma experiência de sentidos e a uma reflexão sobre as diversas formas de opressão vivenciadas pelo feminino.
“Essa é uma ação artística que visa promover uma maior conscientização a respeito da violência contra mulher, e das consequências de ter seus direitos negados. No final do espetáculo realizamos um bate papo com o público, suscitando um debate urgente e necessário pela vida das mulheres”, completa Juliana.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
CIA FILHAS DE LILITH
A Cia Filhas de Lilith é dedicada a levar pautas feministas para cena com propósito de colaborar para que mudanças relativas aos direitos das mulheres ocorram. Entre eles o direito sobre seu próprio corpo, tema dessa montagem. Acreditamos que a realidade das mulheres que sofrem com a criminalização do aborto, muitas vezes está distante daqueles que tem um poder efetivo para mudar a legislação. Aproximar essas realidades foi o que norteou todo processo. O espetáculo é uma ação artística que visa provocar uma maior conscientização a respeito das consequências de sua criminalização e da importância de sua legalização. Fomentando esse debate necessário e urgente.
SERVIÇO
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Classificação: 18 anos |