Com depoimentos do ator Caio Rodrigo, direção de Luis Alonso e abordagem dos textos de Antonin Artaud (adaptado por Caio Rodrigo e Hilda Nascimento), a ação cênica propõe uma investigação de sentimentos extremos: loucura e lucidez, ficção e realidade, linguagem e vida. O discurso leva o espectador a questionamentos sobre os papeis artísticos, sociais e éticos. As apresentações estreiam no dia 9 de agosto, às 21h, na Casa 149 (espaço alternativo que fica no restaurante La Taperia, na Rua da Paciência 149, Rio Vermelho). Caio Rodrigo é ator do espetáculo “Pólvora e Poesia”, peça que lhe rendeu a indicação ao prêmio Braskem de Melhor Ator de 2010.

O projeto – contemplado pelo edital do Fundo de Cultura do Estado da Bahia – busca a experimentação ao unir ator e plateia, num ambiente de apenas 40 lugares. “Buscamos um espaço intimista, em que fosse possível olhar no olho do espectador. Esta ideia de investigar e experimentar outros espaços, a relação com a plateia e, junto com isso, investigar o espaço do ator, é um projeto antigo, ainda do tempo da universidade. Com este projeto, unimos estas vontades”, revelou o ator Caio Rodrigo, que aparece só em cena. Ao final de cada espetáculo, um bate-papo com artistas, psicólogos e o próprio público discutirá a arte e a loucura na contemporaneidade.

Para dar ritmo ao texto, a direção de Luis Alonso propõe abordar a fronteira entre os espaços de realidade, ficção e não-ficção, e estabelecer um diálogo com a obra do Artaud, que traz um pensamento ético e contemporâneo, o conflito e a sua poética. “Exploramos o poder do teatro de investigar esta realidade, estas varias características na obra do Artaud. É um jogo de realidade e ficção, uma espécie de delírio entre ator e autor. A questão visual também é muito importante, faz parte da estética do espetáculo e busca recriar o universo do Artaud”, comentou Luis Alonso.

Outras ações – Uma série de atividades integram o Projeto Artaud e seu Duplo, como a realização das seguintes oficinas gratuitas: Rotinas Possíveis – Treinamento do Ator, com Caio Rodrigo; Cenários Liminares, com Luis Alonso; e Ônkotõ Laboratório de Desconstrução de Movimento, com Hilda Nascimento, com datas e locais a confirmar. Cartografia do Abismo também terá outras quatro apresentações, no Vale do Capão. Em outra ação, Solos Compartilhados, o objetivo é difundir o trabalho do ator solo por meio de um encontro com realizadores de monólogos, compartilhando experiências do processo criativo.

Antonin Artaud – Poeta, ator, roteirista, dramaturgo e ator francês, Antonin Artaud nasceu em Marselha (França), em 4 de setembro de 1896. Com forte ligação ao movimento surrealista e de aspirações anarquistas, “O Teatro e seu Duplo” é considerada a sua grande obra. Tido como louco por suas ideias e o conflito entre seus delírios e a ordem social, foi internado em manicômios franceses e submetido a tratamentos que, na atualidade, são duvidosos. Seus escritos estavam relacionados aos sistemas sociais vigentes à época, relacionando isto com o teatro, a perda da lucidez e da memória, consequências nefastas dos tratamentos daquela época.

Em Herói da auto exacerbação, Artaud traz com seu rigor e sensibilidade uma literatura que apresenta a necessidade de se reinventar, e encontra no teatro o espaço ideal para a sua auto-investigação. Marginalizado e ignorado em vida, o autor de Van Gogh, o suicidado pela sociedade serve como referência para as mais avançadas correntes do pensamento crítico e da criação artística em suas  manifestações (poesia, linguística, psicanálise, filosofia, performance, intervenção, espetacularização e imobilidade).

 Ator e diretor

Caio Rodrigo Chaves – É bacharel em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), ator, arte-educador e criador do grupo Teatro Terceira Margem (2010). Integrou o projeto Atuantes em Solos, processo de criação do ator com base no Teatro Essencial, e participou de oficinas como a Cia Dos a Deux, (França), e Teatro Gestual, Arlekin Theater Tubingen (Alemanha). Como diretor assistente, atuou no espetáculo Velôsidade Máxima e Sebastião, de Fábio Vidal, e do espetáculo “Namíbia, não!” (com direção de Lázaro Ramos). Atuou em espetáculos como Murmúrios (cinco indicações ao prêmio Braskem de Teatro 2005), Um Bonde Chamado Desejo (direção de Fernando Guerreiro), e Joana D`Arc (direção de Elisa Mendes, com 4 indicações ao prêmio Braskem de teatro 2009), entre outros. Já no cinema, participou do longa Revoada (de José Humberto com produção de Rex Shindler, em 2007), e protagonizou o curta Do Infinito Adiante (de Fabrício Apache e Ulysses Neto, em 2010). Atualmente assina sua primeira realização com o espetáculo Cartografia do Abismo, em parceria com o Oco Teatro Laboratório. Também é sócio-investidor do espetáculo “Pólvora e Poesia” (direção de Fernando Guerreiro), peça que lhe rendeu a indicação ao prêmio Braskem de Melhor Ator de 2010.

Luis Alberto Alonso Aude (diretor) – Luis Alonso é diretor artístico, cenógrafo, tradutor e editor para Teatro. Formado em Direção Teatral, pela Escola Nacional de Teatro (Cuba) e Instituto Superior de Arte de Havana (Interpretação). Atualmente formando em Língua e Literatura Inglesa pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb). É fundador do Oco Teatro Laboratório (www.ocoteatro.com.br), membro permanente do grupo internacional de pesquisa “Ponte dos Ventos”, dirigido por Iben Nagel Rasmussen, atriz do Odin Teatret (Dinamarca). Diretor Artístico do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (www.filte.com.br), presidente do Núcleo de Laboratórios Teatrais do Nordeste-Nortea (www.nortea.com.br), dirige a Revista Boca de Cena (www.revistabocadecena.com.br) e organizador da Coleção Dramaturgia Latino-Americana e a Coleção Teoria Teatral Latino-Americana. Também dirigiu o TCA Núcleo (2011). Tem ministrado cursos, conferências e se apresentado em vários países da America Latina, Estados Unidos, Europa, Ásia e África.

Obs:  dias 18 e 27 de julho, de sexta e sábado (20 horas) a domingo, (19 horas)