No pé do Morro do Conselho Rio Vermelho se agitava Naquela área sagrada O Mercado glorificava Lugar de encontro marcado O deleite nunca gelava
O bom Mercado do Peixe Era o relógio da cidade No local se reunia Gente de toda idade Na noite se misturava Era só felicidade
Na Barraca Nego & Riso Eu mesmo curti noitadas Bebi e sambei com amigos E lá varei madrugadas Também não posso mentir Derrapei e dei mancadas
Foram 50 anos de festa Onde a chibança imperava Com moqueca e cerveja A noite nunca acabava O povo chegava cedo Ficava até hora que dava
Mas a presença do povo Incomodou o alcaide Que botou tudo abaixo Num ato de crueldade Matou o peixe afogado Meu Deus! que barbaridade
Para apagar a história Armou-se um sururu Fez-se a higienização Disseram que tava nu Tirou o Tupinambá Vestiu o Caramuru
Expulsaram barraqueiros Quebraram as suas guias Onde antes era festa Agora são assepsias Reduziram os espaços Não existem mais alegrias
Privatizaram a felicidade Sem a menor cerimônia Armaram um fuzuê Criou-se a Babilônia E pra fechar o pacote Convidaram um PAMONHA
Não é a primeira vez Que Brown entra de gaiato Sempre que o caldo entorna Todos fogem, fica o pato O sujeito não tem ética Muito menos o recato
E logo no dia DELA Inventou a “enxaguada” Quem é do mar não enjoa Viu logo a palhaçada Armamos a resistência A nossa turma é danada
E a Rainha das águas De temperamento forte Achou que isso era mau Concedeu o passaporte E o combativo RVA Lutou contra aquela morte
RVA significa Rio Vermelho em Ação Junto com o Diretas Já Organizaram o povão Invadiram a vila esquisita Gritando nécaras e não
E esta movimentação Na história tá marcada A Anarco-Percussiva Coordenou a batucada E a voz de Mariella Invadiu a festa privada
Por fim eu vou repetir Pra aquele q’inda sonha Lute pelos seus direitos Protesto não é vergonha É somente um antídoto Contra os bichos de peçonha
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