Aldeia Nagô
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A bárbara invasão da vila esquisita. Por Franciel Cruz e

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Franciel_Cruz

No pé do Morro do Conselho
Rio Vermelho se agitava
Naquela área sagrada
O Mercado glorificava
Lugar de encontro marcado
O deleite nunca gelava

O bom Mercado do Peixe
Era o relógio da cidade
No local se reunia
Gente de toda idade
Na noite se misturava
Era só felicidade

Na Barraca Nego & Riso
Eu mesmo curti noitadas
Bebi e sambei com amigos
E lá varei madrugadas
Também não posso mentir
Derrapei e dei mancadas

Foram 50 anos de festa
Onde a chibança imperava
Com moqueca e cerveja
A noite nunca acabava
O povo chegava cedo
Ficava até hora que dava

Mas a presença do povo
Incomodou o alcaide
Que botou tudo abaixo
Num ato de crueldade
Matou o peixe afogado
Meu Deus! que barbaridade

Para apagar a história
Armou-se um sururu
Fez-se a higienização
Disseram que tava nu
Tirou o Tupinambá
Vestiu o Caramuru

Expulsaram barraqueiros
Quebraram as suas guias
Onde antes era festa
Agora são assepsias
Reduziram os espaços
Não existem mais alegrias

Privatizaram a felicidade
Sem a menor cerimônia
Armaram um fuzuê
Criou-se a Babilônia
E pra fechar o pacote
Convidaram um PAMONHA

Não é a primeira vez
Que Brown entra de gaiato
Sempre que o caldo entorna
Todos fogem, fica o pato
O sujeito não tem ética
Muito menos o recato

E logo no dia DELA
Inventou a “enxaguada”
Quem é do mar não enjoa
Viu logo a palhaçada
Armamos a resistência
A nossa turma é danada

E a Rainha das águas
De temperamento forte
Achou que isso era mau
Concedeu o passaporte
E o combativo RVA
Lutou contra aquela morte

RVA significa
Rio Vermelho em Ação
Junto com o Diretas Já
Organizaram o povão
Invadiram a vila esquisita
Gritando nécaras e não

E esta movimentação
Na história tá marcada
A Anarco-Percussiva
Coordenou a batucada
E a voz de Mariella
Invadiu a festa privada

Por fim eu vou repetir
Pra aquele q’inda sonha
Lute pelos seus direitos
Protesto não é vergonha
É somente um antídoto
Contra os bichos de peçonha    

 

 

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