“Éramos lindos”: os heróis da Lava Jato engoliram o choro depois das palmadas de Gilmar. Por Kiko Nogueira |
Dando o que Falar | |||
Qui, 25 de Agosto de 2016 03:52 | |||
Anote: “Éramos lindos até o impeachment ser irreversível. Agora que já nos usaram, dizem chega”. Podia ser de Lana Turner em algum bom noir. É quase um lamento sertanejo e uma trilha sonora ideal seria a linda canção de Gilberto Gil e Dominguinhos (“Eu quase não saio, eu quase não tenho amigos, eu quase que não consigo ficar na cidade sem viver contrariado”). A confissão do rapaz — porque só tem rapazes lá — tem um grau de ingenuidade ou, se você também quiser, cara de pau. Desde o início, há mais de dois anos, o partidarismo da operação comandada por Sérgio Moro ficou absolutamente claro. Nomeou-se um culpado — Lula —, uma cúmplice — Dilma — e, em torno deles, tentou-se criar uma teia de crimes, a imensa maioria “hipóteses”. A Veja resumiu tudo naquela fantástica capa no fim de semana das eleições de 2014 (“Eles sabiam de tudo”). Depois era preencher os pontinhos. Essa narrativa começou a ser quebrada com a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que entregou Michel Temer e Aécio “o primeiro a ser comido” Neves. Depois ainda viria Serra. Não houve como conter os delatores. Moro e seu time posaram de heróis, foram saudados em protestos, deram entrevistas, viraram popstars. De repente, imbecis desmiolados como Faustão e artistas que eles viam nas novelas estavam falando o nome deles e pedindo autógrafo. Na ficção, eles iam acabar com a corrupção. Na verdade, estavam acabando com apenas um partido. No caminho, ajudaram a apear do poder, numa fraude, uma presidente eleita democraticamente. Feito o serviço, começaram a sumir do noticiário. Gilmar, que nunca deu um pio enquanto eles acusavam petistas, os chamou de “cretinos”, mandou-os calças “as sandálias da humildade”, lembrou que “o cemitério está cheio desses heróis”. Tio GM dá palmadas em seu traseiros e eles são obrigados a engolir o choro. Dormiram sobre os louros de uma fama vagabunda, alimentada pelos mesmos urubus que comeram e cuspiram Joaquim Barbosa. Quando acordaram, estavam no Brasil. Agora não adianta chamar a mamãe. “Éramos lindos até o impeachment ser irreversível” Artigo puvlicado originalmente em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/eramos-lindos-os-herois-da-lava-jato-engoliram-o-choro-depois-das-palmadas-de-gilmar-por-kiko-nogueira/
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