Natura Musical e Governo da Bahia apresentam: “Todo Cuidado É Pouco”, novo álbum de Ventura Profana
Com participações de nomes como Preta QueenB Rull e Gabi Guedes, a cantora, compositora e pastora missionária narra uma longa jornada de autoconhecimento e libertação em seu álbum de estreia
Ventura Profana sela um compromisso com o bem viver em “Todo Cuidado É Pouco”, novo álbum que estará disponível em todas as plataformas no próximo dia 25 de abril. Um disco feito como cerâmica: de melodias por mãos moldadas, música experimentada na fogueira, mergulhada em rio de batuque incomum. O projeto celebra elementos de reggae, jazz, R&B, pagodão, afrobeat e rock, conduzidos por parceiros musicais como Jordi Amorim, Beà Ayòólaá, Preta QueenB Rull, Claudia Eliseu e Gabi Guedes.
“Todo Cuidado É Pouco” é fruto do pacto de vida estabelecido por Ventura no decorrer de sua trajetória. O disco é um compilado de seus aprendizados enquanto Ventura Profana. Aprendendo sobre cuidado, amor e louvor ao tempo, o disco se desprende da busca pela perfeição enquanto registra uma trajetória de erros e acertos, percorrida por entre diferentes estradas, esquinas e vidas. “Esse álbum é regado por muitas lágrimas, moldado por muitas mãos e temperado em inúmeras esquinas. Não se engane, há muito sangue banhando essas composições, e foi necessário muito tempo de cozimento, portanto, há também muita paciência nessa receita”, explica a artista.
Depois de não morrer, como é que se vive? Porque urge o desejo de se reconciliar com os riachos, corredeiras, mares e corais dentro de si, sem deixar que o medo lhe impeça de fluir e ser semente em bico de ave, no colo do vento, espalhando-se por chãos de terra vermelha. Semeadura. Qual o sabor do amor, depois que se percebe que a vida não se desenha para a guerra somente? Que som tem o som do sol quando decido inventar meu próprio caminho de felicidade e satisfação? Qual a cor do rugido urgente de uma vida que destroça correntes e cativeiros dia após dia?”
Para ajudar a contar essa história, o projeto é pincelado por participações especiais de de nomes proeminentes da música brasileira, como a MC Preta QueenB Rull na faixa “Tranquila”, Beá Ayòólaá na composição e Gabi Guedes na percussão de “Giramundo”, e Rico Dalasam nos interlúdios. Ele conta, ainda, com um curta metragem de ficção documental. O filme trata algumas das questões presentes ao longo das faixas e nos revela parte do processo de desenvolvimento da obra. Fragmentos dessa longa viagem, momentos de descanso, de alegria, de paz. Além de narrar a história de amor entre uma profeta peregrinação e o espírito da vida.
O álbum de estreia de Ventura Profana tem produção de Eloá Souto em parceria com a Giro Planejamento Cultural. O projeto tem patrocínio do Natura Musical (por meio da seleção em edital) e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. Dentre os projetos do estado também selecionados pelo Natura Musical estão DecoloniSate, Festival da Diversidade: Paulilo Paredão, Festival Frequências Preciosas, Gabi Guedes e Sued Nunes. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.
“As músicas compiladas neste trabalho são orações, súplicas, feitiços para atrair o que for bom, saudável e agradável. Desejamos ser abundantes em toda forma de cuidado, somos aprendizes, somos pequeninas nessa trajetória. Mas, temos fé na possibilidade de viver desse jeito, isto é, nadando contra as correntes. O desejo me trouxe a um lugar, me reservou o presente de ser remetente e destinatária de uma série de cartas de amor. Amor e louvor ao tempo, à ventania, às águas, à transmutação. Todo cuidado é pouco porque não há fim para o que a vida viva demanda de nós.”
Ficha Técnica
Música:
Composição e interpretação – Ventura Profana
Produção Executiva – Eloá Souto
Produção – Gabriela Rocha
Produção Musical e Arranjo – Jordi Amorim
Direção Musical – Jordi Amorim e Beá Ayòólaá
Direção Vocal – Claudia Elizeu
Masterização – Diogo Sarcinelli
Participações especiais – Gabi Guedes e Preta QueenB Rull
Distribuição – Altafonte
Filme:
Direção Geral – Ventura Profana
Direção – GG Fákọ̀làdé
Direção de Produção – Eloá Souto e Gabriela Rocha
Direção de Fotografia – Rafa Ramos
Direção de Arte – Jay e Yasmin Nery
Figurino – Silas Matos
Beleza – Abigail Marianno
Elenco: Annia Rizzia, Pedra Silva, Valentina Alafiá e Ventura Profana
Sobre a artista
Filha das entranhas misteriosas da mãe Bahia, onde artérias de águas vivas sustentam em fé, abunda. Ventura Profana profetiza multiplicação e abundante vida negra, indígena e travesti. Rompe a bruma: erótica, atômica, tomando vermelho como religião. Doutrinada em templos batistas, é pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual, cuja prática está enraizada na pesquisa das implicações e metodologias do evangelicalismo no Brasil e no exterior, através da difusão das igrejas neopentecostais. O óleo de margaridas, jibóias e reginas desce possante pelas veredas até inunda-la em desejo: unção. Louva, como o cravar de um punhal lambido de cerol e ferrugem em corações fariseus.
Ventura Profana é uma artista com práticas diversas, profeta gloriosa, pastora em sua função divinal. Ao produzir músicas, videoclipes, colagens digitais, instalações e fotografias, cria visualidades e performances de vida que edificam novos imaginários sobre religião e fé. Nesses imaginários, as existências que fogem aos controles tradicionais de gênero e de sexualidade são possíveis. As existências às quais a artista se refere são as travestilidades, guardiãs das fontes da vida, das florestas e dos mangues, aquelas que se fazem vivas em meio ao mar Morto, que são como os montes de Sião que não se abalam, guardiãs de ecossistemas e da vida sagrada. Em seu trabalho é possível reconhecer as corporalidades dissidentes como ponto de torção entre uma tradição inflexível e a criação de outras perspectivas emancipatórias. Em outras palavras, sua produção elabora modos de epistemologia crítica aos sistemas de verdades e crenças conservadoras e coloniais.
Para isso, Profana realiza inversões e inserções nos recursos linguísticos, visuais e performáticos neopentecostais herdados do contexto familiar. Entre algumas de suas intervenções na ordem do discurso, ao substituir Senhor pela travesti, a artista coloca esse modo de existência como elemento central e disruptivo do pensamento tradicional, elaborando um discurso sem Senhor, tecendo tanto uma crítica aos dogmas neopentecostais, quanto antipatriarcal, quanto antimilitarista. Assim, é possível reconhecer que a produção de Ventura Profana clama por vida em abundância, ela mesma o corpo missionário que profetiza e louva por saúde, amor e liberdade para todas as travestis. No limite, sua produção artística amplia a percepção de que, ao fundar um mundo no qual a vida travesti é possível, todas as vidas serão possíveis, imersas em poder e glória.
Sobre Natura Musical
Natura Musical é a plataforma cultural da marca Natura que há 18 anos valoriza a música como um veículo de bem estar e conexão. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu mais de R$190 milhões no patrocínio de mais de 600 artistas e projetos em todo o Brasil, promovendo experiências musicais que projetam a pluralidade da nossa cultura. Em parcerias com festivais e com a Casa Natura Musical, fomentamos encontros que transformam o mundo. Quer saber mais? Siga a gente nas redes sociais: @naturamusical.