O povo pobre apoia o impeachment da presidenta Dilma? Por Walter Takemoto
Assisti ontem parte do Profissão Repórter da Globo (podem jogar pedras), pois queria saber como iriam tratar as manifestações e o debate entre golpe e não golpe.
O que me chamou a atenção foram as entrevistas que realizaram com os passageiros de ônibus e os moradores da Cidade Tiradentes, conjunto habitacional no extremo leste da cidade de São Paulo, por onde andei muito no tempo de militância sindical.
Por volta de 60% dos entrevistados falaram ser favoráveis ao impeachment da Dilma ou que tinha que mudar a presidenta.
No entanto, parte complementava que tinha o receio que poderia vir coisa pior ou nada mudar.
E uma outra parte dizia que até 2014 a vida estava muito melhor que agora, por esse motivo achava que era preciso mudar para voltar a ser o que era.
E de todos os entrevistados apenas um tinha participado de alguma manifestação.
Ouvir as entrevistas reforça o que costumo ouvir de pessoas da periferia de Salvador, que circulam pela Barroquinha. As que dizem que querem mudar a presidenta estão sob influência do pesado ataque dos meios de comunicação, mas tem receio de que virá algo pior no lugar e o que as move é a crise e não os ataques de que o governo e o PT são corruptos. E quase todas sabem que os governos Lula e Dilma mudou as condições de vida dos mais pobres.
Isso aponta para uma necessidade fundamental do PT e dos movimentos sociais retomarem a presença nas periferias das cidades, dialogarem com os setores populares e compreenderem de onde surgem suas demandas e criticas ao governo.
De outro lado, ou o governo muda suas prioridades, sua política econômica, e implementa o programa eleito, ou então será indefensável, e não no parlamento mas nas ruas e na periferia, onde está a nossa base social.