Pré-Panorama chama a atenção para a importância das salas de cinema para o cenário cultural
Diante de todas as dificuldades enfrentadas pelo setor cultural este ano na Bahia, em um cenário de covid-19 e entraves burocráticos, o Panorama Internacional Coisa de Cinema ainda não tem data confirmada. Para marcar o período inicialmente planejado para o festival será realizado um Pré-Panorama, com exibição de filmes brasileiros e clássicos franceses entre os dias 26 de novembro e 2 de dezembro.
As sessões vão acontecer no Espaço Itaú de Cinema – Glauber Rocha, seguindo todos os protocolos preventivos. A programação inclui ainda uma palestras online com o crítico Adolfo Gomes, dia 1/12, 19h, em homenagem ao centenário de nascimento do professor, crítico e cineasta Éric Rohmer.
“Nosso pequeno evento, pequeno gesto, pretende lembrar que se trata de um momento delicado para as salas de cinema. Trata-se de um dos setores mais afetados. Muitas salas já fecharam ou estão para encerrar as atividades”, declara o cineasta Cláudio Marques, que coordena o Panorama com a também cineasta Marília Hughes.
O Pré-Panorama conta com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français. O ingressos terão o valor de R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia).
Entre as medidas preventivas adotadas estão:
1.Ar-condicionado central com troca constante do ar;
2. Não utilização do foyer para permanência ou consumo de alimentos;
3. Álcool gel pelo cinema;
4. Higienização da sala entre as sessões;
5. Limitação do público em cerca de 45%;
6. Obrigatoriedade de uso das máscaras mesmo dentro das salas.
PROGRAMAÇÃO:
26/11/2020 – Quinta-feira
17h00
Conto de Verão (Conte d’été), de Éric Rohmer
França,113’, Cor, DCP, 1995
Gaspard é um jovem que viaja até o balneário francês de Dinard, na Bretanha. Ele pretende encontrar Lena, por quem está apaixonado. Logo após sua chegada ele conhece Margot, que trabalha como garçonete na creperia de sua tia. Eles logo se tornam amigos e passam a ficar um bom tempo juntos, mas Gaspard sente-se reticente em contar a ela a verdade sobre sua viagem.
20h00
Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria
Brasil/França, 93’, Cor, DCP, 2020
Ambientado no Brasil atual, o filme retrata Cristovam, um homem negro do norte ru ral, que se muda para uma antiga colônia austríaca, no sul do país, para trabalhar em uma fábrica de leite. Diante de conservadores xenófobos, ele se sente isolado e alienado do mundo branco. Cristovam descobre uma casa abandonada, cheia de objetos e recordações que o lembram de suas origens. Ele se instala ali, reconec tando-se com suas raízes. Como se esta casa de memória estivesse viva, mais ob jetos começam a aparecer. Lentamente, Cristovam passa por uma metamorfose.
27/11/2020 – Sexta-feira
17h00
A Marquesa de O (Die Marquise von O…), de Éric Rohmer
França/Alemanha, 107’, Cor, DCP, 1976
Adaptado da obra de Heinrich Von Kleist, “Die Marquise von O” é a história de uma jovem aristocrata viúva, que é violada enquanto dorme por um conde apaixonado por ela. Rohmer segue fielmente o enredo de Kleist, num filme que para além das espantosas interpretações, conta com uma admirável fotografia de Nestor Almen
dros.
20h00
Sertânia, de Geraldo Sarno
CE, 97’, Cor, DCP, 2019
Quando o bando de Jesuíno invade a cidade de Sertânia, Antão é ferido, preso e morto. O filme projeta a mente febril e delirante de Antão, que rememora os aconte cimentos.
28/11/2020 – Sábado
17h00
Z , de Constantin Costa-Gavras
França/Argélia,125’, DCP, Cor, 1969
O filme foi baseado em fatos verídicos que ocorreram na Grécia em 1963, quando o deputado esquerdista Grigoris Lambrakis foi assassinado graças a uma conspiração elaborada pelo alto escalão das Forças Armadas. Na investigação sobre a morte do político, a descoberta foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército.
20h00
Mulher Oceano, de Djin Sganzerla
Brasil/ Japão, 99’, Cor, DCP, 2020
Uma escritora brasileira que acaba de se mudar para Tóquio dedica-se a escrever um novo romance, instigada por suas experiências no Japão e por uma das últimas cenas que presenciou no Rio de Janeiro: uma nadadora de travessia oceânica ras gando o horizonte com vigorosas braçadas em mar aberto. Essas duas mulheres, aparentemente, não compartilham nenhuma conexão, até que a vida de uma come ça a interferir na vida da outra, estranhamente ligadas pelo mar. Hannah, a escrito ra, mergulha em uma jornada de autodescoberta no Japão, enquanto Ana, a nada dora, no Rio, estranhamente tem seu corpo transformado em uma espécie de ocea no interior.
29/11/2020 – Domingo
17h00
A Confissão (L’aveu), de Constantin Costa-Gavras
França/Itália, 140’, DCP, Cor, 1971
Anton Ludvik é vice-ministro das Relações Exteriores da Tchecoslováquia. Um dia, sem explicações, ele é preso e jogado numa solitária. Depois de enfrentar terríveis torturas psicológicas, Anton, um político fiel ao governo, vê-se forçado a se declarar traidor.
20h00
O Dinheiro (L’Argent), de Robert Bresson
França/Suíça, 85’, Cor, DCP, 1983
L’Argent foi o último filme de Robert Bresson. A história de uma nota de 500 francos, falsa, que vai passando de mão em mão, até que um dos possuidores, um jovem, é acusado de tráfico, perdendo o emprego, forçado a participar num assalto e levado para a prisão. De acordo com Bresson o filme nasce “da ideia de uma propagação vertiginosa do Mal e o surgimento final do Bem.”
30/11/2020 – Segunda-feira
17h00
Crime no Trem Noturno (Compartiment Tueurs), de Constantin Costa-Gavras França, 95’, DCP, P/B, 1965
O cadáver fresco de uma mulher é encontrado em um vagão de trem assim que ele chega em Paris, levando um policial a reter os viajantes dentro do veículo até a re solução do crime.
20h00
Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero
BA, 91’, Cor, DCP, 2019
No limiar da adolescência, João quer fugir do lugar onde vive, onde parece não ha ver possibilidades dele se encaixar. Um dia, um pequeno circo chega à cidade. Eles estão buscando um novo palhaço. João é um menino calado, de alma entranhada, e curiosamente, isso faz com que ele seja o escolhido. “Filho de Boi” lança luz sobre o Brasil contemporâneo, um universo de masculinidade e preconceito onde é urgente reinventar-se.
01/12/2020 – Terça-feira
17h00
Tropa de Choque: Um Homem a Mais (Un homme de trop), de Constantin Cos ta-Gavras
França/Itália, 110’, Cor, DCP, 1967
Em meio à Segunda Guerra Mundial, um grupo de soldados franceses é resgatado por seus semelhantes de uma prisão nazista. Contudo, um guerreiro sem patente e dito pacifista é encontrado com os outros e é convidado, depois de muita discussão entre os homens, a acompanhá-los em seu trajeto. Porém o caráter ambíguo desse desconhecido levará o coletivo a inesperadas consequências.
19h00
* Palestra: Éric Rohmer, a poética da fidelidade
Em homenagem ao centenário de nascimento do professor, crítico e cineasta Éric Rohmer, o cineclubista Adolfo Gomes ministra uma palestra online sobre a trajetória e filmografia dessa figura central do cinema moderno e mentor da Nouvelle Vague francesa. “A permanência da obra de Rohmer tem a ver, sobretudo, com a fidelidade do cineasta ao ambiente das filmagens, à natureza e aos aspectos ora fabulares, ora irredutíveis dos sentimentos”, antecipa Adolfo.
O palestrante também vai tratar da poética rohmeriana à luz do ascetismo e rigor de outro grande realizador francês, Robert Bresson. “Vamos analisar os pontos de con vergência – o jansenismo por exemplo – e a admiração distanciada e mútua entre os dois, cujas influências ainda continuam muito difundidas, mas pouco assimiladas na produção contemporânea, a despeito de serem ‘cineastas de culto’ “, complementa o cineclubista.
A atividade online, de aproximadamente 60 minutos, é gratuita e integra a progra mação do Pré-Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Sobre o palestrante
Adolfo Gomes: Nascido em Belo Horizonte, cineclubista, crítico de cinema e cura dor. Colaborou com as revistas eletrônicas Contracampo e Cine Rocinante. Minis trou os cursos “Cinema Corsário, uma introdução ao cinema de Gênero” (Panorama Internacional Coisa de Cinema, Salvador – Bahia) e “Gostoso de Ver: uma revisão da Pornochanchada Brasileira” (Festival Internacional Lume, São Luís – Maranhão).
Foi coordenador do Núcleo de Difusão da Diretoria de Audiovisual, da Fundação Cultural da Bahia (2007-2020).
20h00
Filho de Boi, de Haroldo Borges e Ernesto Molinero
BA, 91’, Cor, DCP, 2019
No limiar da adolescência, João quer fugir do lugar onde vive, onde parece não ha ver possibilidades dele se encaixar. Um dia, um pequeno circo chega à cidade. Eles estão buscando um novo palhaço. João é um menino calado, de alma entranhada, e curiosamente, isso faz com que ele seja o escolhido. “Filho de Boi” lança luz sobre o Brasil contemporâneo, um universo de masculinidade e preconceito onde é urgente reinventar-se.
02/12/2020 – Quarta-feira
17h00
Lancelot du Lac, de Robert Bresson
Itália/França, 83’, Cor, DCP, 1974
Robert Bresson aproxima-se da mitologia da Idade Média com um olhar despojado e austero, muito longe do som e fúria que caracterizam as incursões de Hollywood no mesmo tema dos Cavaleiros da Távola Redonda e dos amores adúlteros de Lancelot do Lago e Guinevere, mulher do Rei Artur. A aventura que interessa a Bresson é a “interior”.
20h00
Até o Fim, de Ary Rosa e Glenda Nicácio
BA, 93′, Cor, DCP, 2020
Geralda está trabalhando em seu quiosque a beira de uma praia no Recôncavo Bai ano, ela recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qual quer momento. Ela avisa suas irmãs Rose, Bel e Vilmar. O encontro promovido pela espera da morte se torna um momento de desabafo e reconhecimentos das quatro irmãs que não se reúnem desde a morte da mãe, há 15 anos.