Websérie revela processo de reflorestamento dos manguezais de Garapuá
Primeira comunidade do Brasil a contar com um projeto socioambiental de recuperação de manguezais, após o desastre de derramamento de petróleo que afetou o litoral nordestino no segundo semestre de 2019, Garapuá, no Baixo Sul da Bahia, agora revela todo esse processo de reflorestamento de mangues na websérie Bioação Garapuá; disponível nas Redes Sociais do projeto de mesmo
nome https://www.instagram.com/biogarapua/. Fruto de parceria entre a Associação de Moradores e Amigos de Garapuá (AMAGA), o Grupo Ambientalista da Bahia (GAMBÁ), o Instituto de Geociências (Igeo/Ufba) e a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, o Bioação Garapuá conta com patrocínio da Uber e apoio do Fundo Socioambiental CASA·
Idealizado pela produtora cultural Lívia Cunha e pelo jornalista Victor Uchôa, o projeto promoveu a aproximação entre universidade, sociedade civil e comunidade impactada, com atenção especial às marisqueiras que atuam diariamente no mangue, coletando as lambretas que abastecem Salvador e localidades do próprio Baixo Sul, como Morro de São Paulo e Boipeba. Ao todo, estão sendo descontaminadas mais de 150 hectares de área de manguezal a partir da utilização das plantas do próprio habitat, em um processo conhecido como fitorremediação. E o público pode conferir o passo a passo em quatro episódios, de cinco minutos cada, gratuitamente no Instagram e Facebook.·
A websérie retrata desde as coletas de material para dimensionar o impacto do derramamento do óleo, ao trabalho de análise em laboratório, o cultivo de mudas de mangue e, por fim, o plantio dentro do ecossistema. E, para além da questão ambiental, explicita o impacto direto do Bioação Garapuá na economia da localidade, onde os cerca de 800 moradores vivem, majoritariamente, da pesca e da mariscagem.·
“Projetos como esse são importantes, justamente porque possibilitam que o conhecimento desenvolvido dentro da universidade saia da academia e gere um impacto efetivo na vida da população”, pontua o coordenador do Gambá, Renato Cunha, organização que há atua mais de 30 anos com projetos de conservação e desenvolvimento sustentável. “E ainda traz um ganho de saúde e social muito grande para a comunidade, em especial para as marisqueiras que, muitas vezes, são as únicas responsáveis pelo sustento da família. Sabemos que é um trabalho altamente desgastante, mas, com essa limpeza, elas terão a segurança de não estarem expostas à contaminação, além de garantirem que a lambreta que vendem e consomem estará livre do óleo”, destaca Lívia Cunha, coordenadora do projeto.·
O Bioação Garapuá foi um dos oito projetos selecionados pela Uber dentro do edital “Nordeste em Movimento”, lançado em dezembro de 2019 com o objetivo de patrocinar iniciativas com foco em conservação e recuperação ambiental, além da geração de oportunidades econômicas em áreas prejudicadas pelo derramamento de petróleo. Ao todo, a empresa distribuiu R$ 200 mil entre todos os projetos.