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Um e-mail para a humanidade por Antonio Godi
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Comportamento
Seg, 12 de Outubro de 2009 21:55
Aqui digita um cidadão esperançoso com a luta do homem. Uma conquista da pluralidade no coração perverso do capitalismo. Conquista desvelada pela diversidade do que somos através da legítima eleição de um afro-americano, enquanto presidente da nação mais poderosa dos últimos séculos. Chama a atenção o fato do mesmo, Obama, considerar o Presidente brasileiro como "o cara". Entendo que o "cara" é o homem que queremos construir. Mais ainda, que ao colocar nosso presidente como o "político mais popular da Terra". Revela na sua espontaneidade a qualidade e a quantidade da "polis" no ponto G-20 dos contatos dos humanos em busca da convivência fraterna. Parece ser um sinal dos tempos. A conquista muitas vezes dolorosa mas também alegre e estética de uma corajosa geração de mártires.

Militantes e mártires transnacionais que deram suas vidas por um mundo mais igual e fraterno. Lutadores da construção de uma existência generosa apontando para uma humanidade sem parâmetros de diferenças. O novo contexto que herdamos deve homenagens a todos eles e elas que apostaram suas vidas na construção de uma nova existência humana. É preciso entender que o sacrifício da vida e da morte é um empreendimento político de nossos mártires que gritam pelo reconhecimento e legitimidade do que somos.

Mártires como Jónatas da Conceição, poeta, militante e visionário da construção do homem. Jónatas, acredito, viajou convicto do dever cumprido em 4 de abril de 2009. Quem sabe em poltrona próxima do meu irmão e humanista Geir Espinheira. As passagens gloriosas de nossos mártires não são oferecidas nos balcões de agencias de vendas. Até porque apontam para destinações para além de tempos e lugares. O destino é o enigma do devir humano. Jónatas e Geir foram na direção de nós. Sei que sempre os encontrarei nos compartimentos de minha humilde biblioteca. Ou em espaços recônditos de nossas memórias tantas. Juntos, estaremos com mártires e irmãos diversos que apostaram na igualdade das aspirações humanas. Seguramente o encontrarei no "Orúm": lugar para além do aqui e agora. Lá estaremos celebrando as conquistas de uma geração vitoriosa.

Para os nagôs a morte é reverenciada na cerimônia sagrada do axexé através de um ritual marcado por uma marcha itinerante de ir e vir. Passos para frente, passos para trás em uma coreografia enigmática que parece dar conta da consciência e ensaio do devir a ser construído. Durante o enterro de Jónatas o ocaso se configurou diante de mim com o pôr do sol e um inusitado quase imperceptível arco-íris no horizonte. Uma configuração entre o Ilê (terra) e o alá (céu). A terra dos viventes presenciais e do "orúm" sacralizado para além de todos nós. Estava então diante de Oxumaré a cobra do arco-íris dos povos fon e jêje. Lá estava eu num ritual de ida e vinda emocionado por ser filho de Obalwayiê, o Rei dos mistérios da terra.

Aqui estou de bem com a luta da vida e de mal com a morte que perpetua a luta sagrada pela existência. Aqui aqueço minhas lembranças através de nossos mártires: M. L. King, Malcon X, F. Fannon, M. Garvey, E. Cleaver, B. Marley, P. Tosh, B. Seele, J. Brown, A. Cesaire, S. Byko, etc. Por aqui e sempre Popó do Ilê, Lino, Roberto e Manoel de Almeidas, Luís Orlando e Ythamar Tropicália. Todos flanando orgulhosamente em alamedas universais. Sem esquecer, Mário Gusmão grande nos dramas de nossa cultura. Hoje, heróis vestidos em ternos sagrados de pinhos. Enterrados fisicamente e tão vivos. Imagino, que eles hoje fazem tremer a terra úmida que nos abriga. Certos que no sepulcro como na vida multiplicamos frutos e revoluções culturais.

Acredito que todos estão a se mexer em seus ternos de pinhos. Madeiras anunciadoras do que sempre oferecem: folhas, flores e frutos. Madeiras tantas que gritam por continuar nos oferecendo oxigênio e vida através do mistério da fotossíntese. Folhas tantas que denunciam as mortes de nossas florestas sagradas. Tão raras e caras para o futuro de nossos rebentos. Como o jardim das folhas sagradas que polariza, a vida e a morte escoando em ribeirinhos, rios e mares gritando por vidas e sobrevidas.

Antonio Jorge Victor dos Santos Godi
Antropólogo, ator e professor da UEFS/NUC/DCHF
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