Halloween. Por Andrezão Simões |
Dom, 30 de Outubro de 2016 18:18 |
Respeito o Halloween, enquanto manifestação cultural de um lugar, não o da minha origem. E não é que só adote as daqui, ou não simpatize com as de outros. É apenas uma questão de informação e identificação. Fiz exaustivos posts sobre seu significado, sobre seu sentido simbólico, até para quem cultua, ter, ao menos, algum sentido em entregar seus filhos. Acho até bonitinho os "monstrinhos" lindos repetindo o figurino, a coreografia dos filmes estadunidenses, de porta em porta, dos nossos condomínios fechados e a dublagem brasileira de: travessuras ou gostosuras! Vejam como as dublagens podem ser cruéis com um povo. Obrigar uma criança a repetir "travessuras ou gostosuras", estes vocábulos tão populares no idioma, quase uma gíria, que qualquer neném usa nas rodas de mamadeiras: "Querido colega, vossa mercê sabe-se lidar com travessuras ou gostosuras?", é não ter piedade. No final deste post, vingado culturalmente, sou abordado por um pequeno indivíduo vindo em minha direção, como um abutre desconstrutor, que viria a ser meu filho, de 2 (mil) anos, dizendo: "monstinho". Caiu a ficha. Já existe um "Haloin" brasileiro. Importado, tudo bem. Que mesmo vindo de classes sociais mais altas, sem valores simbólicos da região, passa a integrar o repertório do viver de uma época. E isto é cultura. Queiramos ou não, muita gente da geração travessuras-ou-gostosuras brasileira, compartilhará suas experiências com os que virão. E isto é cultura. Tanto é, que especialistas em comunicação, sabem como dominar um povo, desapercebidamente, através da inoculação de valores da sua cultura. Qualquer povo que adote os valores de outro lugar, passa a não ter identidade ou tornar-se mais susceptível a possíveis subserviências. Isto é aculturação. A capacidade que uma cultura tem de se sobrepujar a outra em valores. Orientar um ser, não é proibir esta ou aquela ótica, mas oferecer a ele a consciência dos significados de cada. Reconhecer o poder, do que vem de fora para ele, em relação ao de você para ele. Ofertar espetáculos como A TOADA CRIANCEIRA, do grupo CANASTRA REAL, que assistiremos agora, no Teatro Moliere, na Aliança Francesa, Ladeira da Barra, que trata do cancioneiro brincante da nossa região, os desafios, os adivinhas, os trava-línguas, entre tantos. Mais dois domingos, 11h, apenas. Portanto, nada contra os novos Haloin. A não ser a desinformação sobre os valores simbólicos, mas isso nem com as manifestações daqui estamos conseguindo, pela deseducação e pela não educação. Nada contra a brincadeira, a integração das relações, a fantasia, etc. Quando se pensa em NOSSA CULTURA, é a soma de manifestações. Por questão de consciência e desenvolvimento de uma nação, sugiro apenas que se reforce, junto aos pequeninos, os símbolos do seu lugar, principalmente os da cultura popular, ricos em sabedoria infinita e apropriação da sua identidade. Quem sabe no próximo Haloin, você não sugerirá que se vá de "mula-sem-cabeça" ou "curupira". Vai transcender a aculturação. Vai produzir cultura, discussão e uma estranha sensação de pertencimento. Somos o que comemos. Somos o que consumimos. Somos o que ofertamos. Travessuras ou Gostosuras? Ou os dois??? Ou nenhum? Nenhum? Difícil. Criança é arte, brincadeira e delícia.. |
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