Outro mundo, outra mídia, outros carnavais., Por Andrezão Simões |
Dom, 26 de Fevereiro de 2017 21:32 |
Estou aqui organizando uma série de artistas, de várias origens, links de outros carnavais, daqui e de fora. Um panorama local, nacional e mundial online da festa. Pensando um pouco no quanto a cobertura tradicional ainda está distante. Ainda baseada em um "mediador" entre o fato e o observador. Ainda limitada a um modelo sem criatividade. Ainda oferecendo pouquíssima interação ou usando as redes sociais apenas como repetidoras da sua produção de conteúdo. Em tempos onde cada artista, cada folião, cada qualquer possuidor de smart é repetidor de si mesmo, sem mediação entre o fato e a observação, há que se repensar a forma de cobrir um evento. O carnaval online, apesar da instabilidade das redes, pois ainda se oferece acesso de baixíssima qualidade e a preços exorbitantes no Brasil, é muito mais interessante e fiel à realidade. Posso ver de dentro do palco transmitido por quem está fazendo seu espetáculo e não por um ser que invade a naturalidade. Posso ver desde as mais bizarras cenas, até as mais belas, como aconteceram e na hora que aconteceram. Emoção à flor da tela. Podemos estar "onipresentes" por todos os carnavais deste mundo. Não há como disfarçar ou editar um FORA TEMER, ou camuflar fatos. É a comunicação instantânea e direta. Direto das vísceras. Direto do túnel do tempo da velocidade; Do "vai ser bom, não foi"? E para os bons observadores, ver o carnaval de um povo é ver sua sociedade espelhada. Uma aventura socio-antropológica, da mais real possibilidade. Nada substitui a experiência de expor-se ao carnaval, de vivê-lo em todas as suas dimensões. Mas também jamais foi possível a qualquer mortal, brincar com a onipresença divina, do sofá da sala. Novos tempos. Chegamos na idade mídia, "pensamentando" a partir do conceito oferecido pelo filósofo e Prof da UFBa, Jose Antonio Saja, em um encontro. Chegamos no envelhecimento precoce da mídia, mesmo para aquela que nem foi inventada, pois ser atual, deverá ser um conceito quântico em breve... Aqui no meu canto, entendo o porquê do meu desejo de ser cada dia menos "mídia" entre o que se vê e o que se vive. O que tem me seduzido é ser o que já sou também por profissão: produtor de conteúdo, gerador do fato, do FAZER. E muito mais interessado, claro, na outra ponta onde "experienciar", nunca foi um verbo tão possível e encantador. Sair do "meio" do caminho se torna quase um dever em tempos tão ricos ou tão embrutecidos, depende do freguês. Qualquer dia desses, saio do Roda ou de tantas outras inferências midiáticas que pratico e nem eu mesmo me explicarei. Mas o que importa? A idade da razão, Sartre explica. Então, enquanto ainda nem sei bem o que vejo (e quem sabe?), bom carnaval para todos e todas. Para o corpo e para a mente. Sem mídia. A Bahia é sábia neste campo e nos deu o QSM, famoso QUEM-SOUBER-MORRE. A ignorância é uma benção, mas tem um quê de mídia. Sair de uma ou de outra, pode ser fatal. |
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |