Na pele de um preto. Por Marcelo Veras |
Qua, 16 de Agosto de 2017 01:29 |
Hoje pude ler esse fragmento graças ao amigo Adriano Oliveira. Trata-se de um post sobre os embates de Charlottesville de um jornalista que, só aqui no face, tem mais de 300 mil seguidores. "Nos EUA, os negros podem pregar abertamente o extermínio da raça branca e cometer contra os brancos muito mais crimes violentos do que os brancos jamais cometeram contra eles, e não aparece nenhum pastor protestante para lhes dizer que deveriam odiar menos e amar mais. Só se lembram de dar esse lindo conselho quando brancos resolvem fazer... o quê? Um morticínio? Um atentado? Não. Uma passeata. Uma porra de uma passeata. " Não vejo ainda a razão para o eufemismo desse post (tampouco estou seguro de que a palavra eufemismo se aplica nesse caso, pode bem ser um sarcasmo, do tipo mais escrachado). O autor trata fascistas simplesmente como sendo "brancos", incrível. Sou branco e teria vergonha se fosse uma passeata de brancos, foi uma passeata de fascistas. Vivendo na Bahia, sempre me incomodou a lógica de alguns militantes das causas - no plural - negras: branco sai, preto fica. Mas confesso que quando leio textos como esse entendo perfeitamente a contra resposta do ódio. Obviamente há um alinhamento simpático com as ideias do atual presidente de Yesterdayland. Para mim, esse é um exemplo perfeito de como a imprensa brasileira começa a expor suas vozes fascistas. Talvez ele se diga apenas de direita, mas acredito que ele não se sentirá nenhum pouco ofendido se alguém considerá-lo fascista. Mas tudo isso são conjecturas, como diria Newton, hypothesis non fingo. Só posso escrever meu sentimento de que sua argumentação é abjeta. Esse senhor deveria passar um dia na pele de um preto, mas milagres não existem. Marcelo Veras é Psicanalista |
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