Zezé di Camargo é fruto do aniquilamento educacional deste país!. Por Marconi De Souza Reis |
Dom, 17 de Setembro de 2017 22:37 |
Fui assinante por muitos anos da revista “Filosofia, Ciência e Vida”, da editora EBR, e sempre que renovava a assinatura, eu ganhava de brinde alguns exemplares de outras revistas brasileiras.
Anos atrás, ganhei edições da revista “Exame” como brinde. Numa das edições, eu li uma reportagem sobre a visita ao Brasil da diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, Jaana Palojärvi. O título da reportagem: – “10 lições da Finlândia para a educação brasileira”. Guardei a edição, mas não achei no meu escritório para ilustrá-la hoje aqui. Procurei no Google, e achei facilmente o texto. Estou disponibilizando o link abaixo para quem, porventura, tenha curiosidade em ler a reportagem. É sabido que um assunto tão complexo como a metodologia de educação de um país jamais vai ser devidamente retratado numa reportagem. Para conhecer a fundo o método é necessária uma visita “in loco” ao país de origem. Uma visita planejada, para só assim conhecer as entranhas das diretrizes adotadas. Se eu fosse prefeito de algum município brasileiro, o primeiro ato seria visitar este país, com meus assessores, para estudar a fundo essa metodologia dos nórdicos. A despeito de o Brasil ser um país continental, a revolução educacional passa por cada município. Por isso, eu iria conhecer também as metodologias aplicadas em outras cidades brasileiras, visto que, vez por outra, a mídia destaca projetos interessantes em alguns estados brasileiros, e que vão dar frutos em breve. Por falar em frutos, Zezé di Camargo falou esta semana uma enorme idiotice sobre o que foi a ditadura militar. Eis o que ele disse: – “Nós não vivíamos numa ditadura. Nós vivíamos num militarismo vigiado” Caramba. Bem, o Zezé, o Chitãozinho e o Leonardo foram os primeiros lixos a despontarem no Brasil, no início dos anos 90, exatamente como resultado/fruto do aniquilamento educacional provocado pelos militares entre os anos 60 e 80. O péssimo gosto musical passou a campear no nosso país a partir de 1990, e até hoje manda nesta nação – o pior do axé music, do pagode e do funk explodem na mesma década –, como consequência da alienação e emburrecimento dos jovens brasileiros, pós-deterioração do ensino público. Esse aniquilamento atingiu depois o próprio ensino particular da classe média. Foi uma espécie de castigo, a quem apoiou o golpe militar. E a música é apenas um exemplo. A telenovela brasileira, então, é de dar pena. Acredito que a última grande telenovela brasileira foi “O dono do mundo”, de 1991, de Gilberto Braga, e que, já naquela época, o autor teve que mudar o enredo a partir do 30º capítulo, para agradar o gosto raso que já reinava no país. Eu já disse e repito: eduquei meus filhos com outros paradigmas e referenciais, mas o rolo compressor da imbecilidade cultural neste país – fruto do péssimo ensino público e privado – é algo devastador sobre as minhas próprias crianças. Meus filhos são obrigados a se encaixar, para se enturmar, ou são excluídos do lixão da sociedade. Por sua vez, a minha esposa e a minha filha perdem o seu precioso tempo assistindo às novelas brasileiras, com seus enredos fraquíssimos, diálogos paupérrimos, enfim, uma “arte” que não acrescenta nada ao telespectador, porque não o faz pensar. Um detalhe: ontem á noite, como meus filhos receberam vários amigos para a festa de aniversário do meu caçula, fui obrigado a ficar na suíte com minha esposa vendo o que ela aprecia na TV. Para minha surpresa, o programa humorístico “Zorra” é algo que merece elogios. Incrível. Esse programa era muito brega, mas agora merece apreciação. Em compensação, o “Altas Horas” tornou-se um lixo idêntico às novelas da Globo. Ontem, por exemplo, Serginho Groisman recebeu uma dupla de rinocerontes sertanejos, que, Deus me acuda. E olha que eu fiz uma reportagem com Serginho, há mais de 20 anos, elogiando-o como um cara “cult” da TV brasileira. Se pudesse, eu voltaria no tempo e não o entrevistaria e nem escreveria aquilo. Mas, enfim, eu não vou me mudar para a Finlândia, Suécia, Dinamarca, Islândia ou Noruega, porque não gosto de temperatura abaixo de 7 graus. Afinal, sou como os bons vinhos, que só devem ser degustados a 7 graus. Eu vou mesmo é me mudar para uma fazenda, daqui a alguns anos, porque, sinceramente, está cada vez mais difícil morar nas cidades brasileiras – verdadeiros aterros sanitários culturais. E olha que não sou um cara elitista – eu sou bem simples. |
Última atualização em Seg, 18 de Setembro de 2017 01:58 |
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