O oportunismo derrotado. Por Claudio Guedes |
Sáb, 13 de Outubro de 2018 07:12 |
Foram derrotados. Todos os grandes articuladores dos movimentos que desembocaram na guinada à direita do país. Todos, sem exceção.
FHC, o grande maestro, o político que "deu as senhas", que sustentou diretamente e, em muitos momentos por omissão, os excessos cometidos pelo poder judiciário na luta contra a corrupção. FHC endossou a judicialização da política por oportunismo, achando que esta beneficiaria o seu partido, o PSDB, na disputa inglória que este mantinha, há mais de uma década, com o PT. Garantiu apoio ao juízo de Curitiba na farsa do processo contra o ex-presidente Lula, abriu a porta para o impeachment farsesco da presidente eleita em 2014 e deu sustentação ao governo de oportunistas de Michel temer. Hoje, FHC comanda um partido destroçado, em vias de extinção. Ontem, uma estrela tucana foi para a cadeia, o ex-governador de Goiás por quatro mandatos, Marconi Perillo. Deverá puxar uma fila de tucanos até então blindados, que derrotados, sem foro privilegiado, acertarão, com atraso, suas contas com a justiça. Antes tarde do que nunca. Roberto Freire, o presidente nacional do PPS, linha auxiliar e "bumbo" maior dos tucanos no Congresso, um dos maiores linchadores do ex-presidente Lula, teve na eleição em SP, para deputado federal, cerca de 24 mil votos: nem para vereador se elegeria. O povo o despediu, sem honras. Sem choro, sem velas. Aloysio Nunes, o senador paulista, "sangrador" auto-denominado de Dilma Rousseff, chanceler do governo de Michel Temer, sequer se candidatou ao escrutínio popular. Aloysio hoje se preocupa em garantir uma fiel relação com Gilmar Mendes e assim tentar evitar a prisão de seu amigo e companheiro Paulo Preto - o operador tucano de muitos milhões na Suíça -, o que poderá levá-lo também às grades. José Serra, o senador tucano, é hoje a imagem de um morto-vivo no Senado da República. Foi, talvez entre os tucanos, o único que percebeu a escalada autoritária que viria e se omitiu. Agora reza, dia sim, no outro também, para escapar da justiça, enrolado num mar de doações ilegais para campanha - e talvez não só para campanhas - recebidas na Suíça em contas da filha e de amigos. Michel Temer, o vice de Dilma, traidor oportunista, seduzido pelo canto das sereias dos vigaristas do PMDB e dos oportunistas tucanos, acaba o seu governo-tampão com a maior rejeição da história da República, uma série de processos judiciais em andamento e o risco enorme de ter sua prisão decretada já em janeiro de 2019. Espera por um milagre. Cássio Cunha Lima, o agressivo tucano da Paraíba, derrotado nas urnas, imagem maior do oportunismo e da calhordice tucana, não deixará saudades em Brasília. Geraldo Alckmin, derrotado de forma humilhante pelo povo nas urnas, apesar dos recursos fartos e do mega tempo de TV e Rádio, assistirá da sala de seu apartamento paulistano a derrota de sua cria, o deletério João Doria Jr. - um dos maiores crápulas na política contemporânea brasileira - ser derrotado para o governo do Estado de S. Paulo, enterrando a longa e medíocre hegemonia tucana em terras bandeirantes. Que as derrotas lhes sejam amargas. Dos grandes personagens da armação golpista e da demonização do PT, sobreviveu, creio que por algum tempo apenas, Aécio Neves. O mineiro nada tem de bobo, desistiu do Senado, saiu para deputado Federal e usou o recall e a grana que ainda desfruta para conquistar um mandato. Mas seus dias serão de apreensão. Está na fila dos tucanos que deverão acertar suas contas - muitas contas, neste caso - com a justiça. Claudio Guedes é empresário. |
Última atualização em Sáb, 13 de Outubro de 2018 07:13 |
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