A medida em que os nomes dos futuros participantes do governo Bolsonaro vão sendo revelados ficam mais claros os seus projetos e até mesmo as direções, sentidos e rumos que pretende infligir a seu mandato, ao tempo que se repetem ideários já conhecidos de nossa história, indicativos de compromissos já assumidos anteriormente por outros candidatos e até mesmo movimentos, como os dos militares pós 1964, já declarados antecipadamente como caminho a ser seguido pelo presidente eleito, posto que são expressões políticas e não técnicas, mais ou menos significativas do que já anunciara em sua campanha e agora apenas são confirmadas.

Desta forma, a presença de vários membros do DEM, vale lembrar partido sucessor pela ordem do PFL, PDS, ARENA e UDN, promotores e sustentáculos do golpe de 64, juntamente com sua manifesta paixão por militares e outros profissionais formados em suas escolas profissionais, seja o ITA ou AMAN, são bastante claros já neste início de formação de grupo de trabalhos. Tudo isto sem contar com os economistas formados na Universidade de Chicago e outras norte-americanas, dedicadas a formar os aplicadores dos princípios do neoliberalismo, que aponta para a idéia da “redução do estado”.

Assim, apesar das reviravoltas e contradições que se apresentam em falas precipitadas e logo depois desmentidas, como as da extinção de ministérios como os do Meio Ambiente e do Trabalho, não apenas indicam a sua visão e os papéis estratégicos destes órgãos no futuro governo, bem como no jogo do poder e que funções exercerão. Vale lembrar que já foi nomeada para a pasta da Agricultura, a coordenadora da bancada ruralista, do DEM, curiosamente, anunciada como “técnica” e não “política”, como tem propalado o presidente eleito, como se cargo de ministro pudesse dissociar a confiança política da capacidade técnica.

Aliás, alguém me lembrou, recentemente, que o presidente Collor também eleito em situações bastante comprometedoras e próximas, senão suspeitas, nomeou, curiosamente, o Diretor Geral da Polícia Federal, Romeu Tuma, como seu ministro da Justiça, a semelhança do juiz Moro, grande astro da Lava Jato. O que parece tornar este ministério como moeda de troca para acalmar o poder judiciário e abrir portas para o bom andamento do novo governo. Vale aguardar o andamento deste atual governo em construção para verificar se ele escapará do destino do seu antecessor. 
De qualquer forma, vale o registro de que da fundamental passagem pelas escolas militares, não escapou nem o recém nomeado Ministro da Educação, oriundo da Escola Superior de Guerra, que agrega além deste honroso título, a crença no “criacionismo”, doutrina que credita origem da vida a vontade divina, e não a evolução, como defende a totalidade das teses científicas em vigor no mundo. Tal posição já valeu o desmentido presidencial, mais um, de que não houve pressão, nem indicação dos evangélicos para tal nomeação.
Enfim, por mais que o presidente desminta as suas intenções e compromissos com sua base eleitoral, o que ao contrário do que afirma o seu “ódio a política” é perfeitamente normal que as indicações políticas de seu governo, ato por si só político, cada uma de suas indicações desvelam o seu segredo de Polichinelo, ou como afirma o ditado popular, o famoso: “Gato escondido com o rabo de fora!”.
25112018.
Sérgio Guerra.

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