Este é um governo em que o "longe demais" chegou muito cedo. Por Wilson Gomnes |
Qua, 01 de Maio de 2019 17:53 |
Nem na ditadura militar se viu coisa assim. O ministro da Educação distribui punições, usando para isso o orçamento público, sem inquérito, apuração, defesa, aliás sem nem um processo legal. Tudo com base no que ele acha e segundo exclusivamente a sua mais íntima e singular discrição. É um processo kafkiano. E de um autoritarismo absolutamente incompatível com o estado de direito: a autoridade pública usa o orçamento público como se fosse sua propriedade para punir quem ele quiser, do jeito que quiser, sem apresentar razões, sem considerar argumentos e sem ter que responder por isso. Se isso não for autocracia, democracia eu sei que não é. 1. "Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas", disse o ministro. (Quem não se comporta como papai quer não ganha a mesada, já que o dinheiro é de papai) 2. "A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo", disse. Ele deu exemplos do que considera bagunça: "Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus"". (Papai é que estabelece o código de moralidade, pois, afinal, se trata da casa de papai) 3. Essas instituições também estão apresentando resultados aquém do que deveriam, disse. "A lição de casa precisa estar feita: publicação científica, avaliações em dia, estar bem no ranking." (Papai não vai sustentar vagabundo, se quiser fazer farra ganhe o seu dinheiro. Mas é papai quem decide, segundo os seus critérios, sobre quem é vagabundo) 4. "Só tomaremos medidas dentro da lei. Posso cortar e, infelizmente, preciso cortar de algum lugar", afirmou. "Para cantar de galo, tem de ter vida perfeita." (Papai faz porque papai pode) 5. O MEC não esclareceu quais indicadores de desempenho chamaram a atenção da pasta. (Papai não precisa explicar nada a ninguém, o dinheiro dele, gasta como quiser) 6. O ministro ainda acusou UnB, UFBA e UFF de queda no desempenho. No entanto, elas se mantêm em destaque em avaliações internacionais. O ranking da publicação britânica Times Higher Education (THE), um dos principais em avaliação do ensino superior, mostra que Unb e UFBA tiveram melhor avaliação na última edição. (Papai diz que nós não somos todo mundo, o que vale exclusivamente é a avaliação de papai) 7. Na classificação das melhores da América Latina, a Unb passou da 19.ª posição, em 2017, para 16.ª no ano seguinte. A UFBA passou da 71.ª para a 30.ª posição. A UFF manteve o mesmo lugar, em 45.º. Segundo a publicação, as três se destacam pela boa avaliação em ensino e pesquisa. E Unb e UFBA aparecem entre as 400 melhores instituições do mundo em cursos da área da saúde. (Papai não está nem aí para órgãos internacionais. É capaz de serem vagabundos também). |
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