Eleições e necroliderança à direita e à esquerda. Por Paulo Nacif |
Sex, 27 de Março de 2020 02:27 |
Na contemporaneidade existe uma tendência à substituição do significado de liderança. O líder deixa de ser aquele capaz de aglutinar pessoas em torno de si pelas suas ideias, carisma e pela capacidade de apontar novos caminhos para novas conquistas. A tendência avassaladora e mortal é que o líder seja aquele que seja tão somente a caixa de ressonância da média dos desejos dos componentes da comunidade. A liderança sempre foi uma mescla desses dois pólos e a dinâmica política ia equilibrando esses pólos. Hoje parece que chegamos à fim da linha. Em todo o mundo, assessorados por marqueteiros (ou por uma percepção de como devem funcionar a liderança) os líderes se recusam a ousar e querem cada vez mais se colocar como caixa de ressonância e, quando atingem postos de comando, se comportam com maior radicalidade nessa posição, que, em verdade, ao fim e ao cabo, não é posição nenhuma. Com o tempo, buscando se aproximar cada vez mais da média temos um profundo processo de rebaixamento ideológico, seja no campo liberal ou à esquerda. Isso ocorre em todas as instâncias da liderança: comunidades locais, associações, ong's, municípios, estados, países, igrejas, universidades, escolas, empresas. E, pior, é assim em todo o espectro ideológico. Nesse aspecto, o abominável Bolsonaro não é um desvio da configuração da liderança contemporânea. Ele é uma radicalização dessa perspectiva de líder, certo de que foi isso que o levou até a Presidência. Nessa perspectiva ele está certo e mais, chama todos os outros políticos para o jogo dele. Todos estão atônitos, sem outras perspectivas de liderança. Karl Marx pontificou: " se a aparência e a essência das coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária." Precisamos reescrever isso: se a necessidade de uma comunidade fosse o resultado da média da expectativa dos seus integrantes, não precisaríamos de política! Política Grande: é isso que falta no Brasil e no mundo atuais, à direita e à esquerda! |
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