As figuras do imaginário para mobilizar a matilha. Por Wilson Gomes |
Ter, 07 de Abril de 2020 05:05 |
Pelo que depreendo do esforço do Gabinete do Ódio, que cuida de criar e colocar em movimento as narrativas e as figuras do imaginário para mobilizar as matilhas, estamos tendo um novo campeonato eleitoral. Se a hidroxicloroquina ganhar, Bolsonaro é reeleito; se o vírus (que é de esquerda) ganhar, volta o PT. Se você ficar em casa, Lula volta; se você ignorar a pandemia, o Mito se confirma no poder. É tudo, então, questão de escolher o lado vencedor e ir desmascarando os que vão se meter no jogo para tentar ajudar o outro lado (a mídia, a OMS, os governadores, o ministro Mandetta). No universo narrativo criado e mobiliado pelo Gabinete, a pandemia é uma ideologia: o "vírus chinês" é uma construção ideológica destinada a garantir a hegemonia global dos comunistas; as medidas de isolamento são uma maracutaia ideológica da OMS para derrubar extrema-esquerda no mundo; o número de mortos é uma invenção ideológica da mídia para derrubar o governo; quem diz que a cloroquina não pode ser tomada com pinga, limão e mel, e curar tudo, é porque quer que a economia quebre para acelerar a volta do PT. Tudo é ideologia e ideologia só se combate com outra ideologia. Infelizmente, a única coisa que se pode dizer a essas pessoas, é esperem mais duas semanas. A pandemia será o osso duro de roer em que fake news, bravatas e insultos, e teorias da conspiração - os 3 ingredientes básicos da comunicação política do bolsonarismo - quebrarão os dentes. A morte e a doença têm demonstrado, mundo afora, não ter a menor consideração por retóricas e ideologias. E no governo Bolsonaro, como se sabe, o que não pode ser resolvido com retórica, bravatas e insultos simplesmente não pode ser resolvido. Eis onde nos encontramos. Wilson Gomes é professor da Facom/UFBa |
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