Retorno a essas mal traçadas linhas após alguns achaques e perrengues cada vez mais comuns com o avançar da idade e que nos deixam debilitados o bastante para não só nos afastar do trabalho cotidiano, mas, também um pouco alheio as atividades de acompanhamento do noticiário e das reflexões sobre o mundo e, muito especialmente, sob o Brasil.

Neste preciso momento, percebo o quanto as queimadas avançaram em nosso país ao ponto de promover um verdadeiro extermínio de alguns animais em vias de desaparecimento em alguns biomas, bem como de prejuízos no meio ambiente que não se sabe como, quando e se, poderão ser efetivamente recuperados algum dia.

Entretanto, para minha assustadora e decepcionante surpresa, apesar do clamor quase geral de todo o mundo, o (des?) governo do Brasil quando eventualmente se digna a prestar algum pretenso esclarecimento sobre esta catastrófica situação, insiste em repetir algumas respostas que primam pela grossura e não merecem nenhuma observação séria, nem muito menos comentário de atores
mundiais, sejam eles personalidades ou entidades representativas de alguma instituição significativa de alguma expressão internacional ou mundial.

Ou alguém que tenha o mínimo de informação ou acesso aos múltiplos equipamentos de monitoração por satélite poderá em são consciência acreditar que “as queimadas são promovidas por índios e caboclos, apenas nas margens leste da Amazônia para garantirem as suas culturas tradicionais”. Ou mesmo que a “floresta amazônica é úmida e, portanto não possibilita que haja queimadas significativas no seu interior”. Ou ainda “que existe um complô internacional de calúnias contra o sucesso brasileiro na produção de alimentos que sustenta o
mundo, motivados por razões econômicas”.

Enfim, enquanto o mundo se assusta com as queimadas no Brasil que ameaça este patrimônio da humanidade, pois atinge não só a Amazônia, mas também os Cerrados e o Pantanal, (como imaginar um pantanal pegando fogo?, ao ponto de instituições do meio ambiente, grandes empresas e até do agronegócio, pela primeira vez se unirem para cobrar providências do governo brasileiro para debelar este flagelo que compromete a vida em nosso planeta, este continua com as suas piadas, a título de respostas de muito mau gosto. O que nos torna
motivo de chacota internacional, a exemplo do que aconteceu com o discurso do presidente Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU.

04102020

Sérgio Guerra

Licenciado, Mestre e Doutor em História
Professor Adjunto da UNEB,.DCH1 Salvador.
Conselheiro Estadual de Educação - BA.
Colunista Político Semanal do Portal Mais Bahia.
Presidente do Instituto Ze Olivio IZO
Cronista do site "Memorias do Bar Quintal do Raso da Catarina".

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