Do limbo ao ponto de partida. Por Luzs Nova |
Ter, 01 de Dezembro de 2020 05:11 |
A esquerda encontrou o ponto de partida para a sua reestruturação. É uma grande vitória ter experimentado que é possível sair do limbo e das indefinições contra as quais se debatia. Uma crise "existencial", própria de quem se colocou fora da vida real e deslumbrou-se com a racionalidade hegemônica. Mas o cenário ainda é marcado pelos mesmos percalços que a levou à derrocada. Por outro lado, é inegável o desempenho qualificado de Guilherme Boulos, em São Paulo. Tem base social de onde partir, mesmo que de agora em diante se transforme, ainda mais, em alvo dos golpistas. Tem discurso aglutinador sem abrir mão das origens, aponta na perspectiva da construção de um polo democrático e popular, independente. Assim, o projeto que encarna tem lado, representa politicamente os setores populares e tem uma plataforma em torno da qual discute e se relaciona com a sociedade. É aglutinador, mesmo reconhecendo a força dos opositores, ao não se propor a definir o futuro, para além dos princípios. Deixa transparente o inegociável, que é o aprofundar da democracia; garantir a justiça e afirmar os direitos sociais. O importante é caminhar em direção a estes objetivos. É inegável também o bom desempenho de Manuela d'Ávila, em Porto Alegre. Tanto pelo que enfrentou quanto pelo que encarna de renovação. Outro destaque na composição deste ponto de partida é a vitória de Edmilson Rodrigues, em Belém do Pará. Também Fortaleza e Aracajú e Maceió se mantêm. Pernambuco torna-se uma incógnita, no sentido de superação das sequelas que a campanha parece ter aprofundado. A Bahia continua sob o comando de Mangabeira e sua famosa frase sobre os absurdos. É incompreensível, salvo pela hipótese da diluição da esquerda, no caldeirão da "velha Bahia". Os próximos resultados devem deixar as coisas mais claras. O fato é que estas eleições confirmaram a profundidade e a racionalidade hegemônica objetivada e alcançada pelo Golpe de 2016. Venceram, eleitoralmete, as forças do que o articularam e mesmo os coadjuvantes. Perdeu Bolsonaro, que sempre foi e é utilizado como instrumento descartável do desmonte dos acúmulos sociais construídos durante o projeto progressista. Deste, os articuladores do golpe cobram a entrega do serviço encomendado, que ele e Paulo Guedes executam. No mais, é figurar por aqui com representante de Trump e Bannon. Uma conclusão possível sobre este momento é que se chegou a um ponto de partida. As possibilidades existem, o executar definirá as realizações. Que o espetáculo e seu canto de sereia não encante o caminhar, outra vez. (#pelodireitodeopinar) Professor na UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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