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Negro vota em Negro por Sergio Sao Bernardo
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Seg, 03 de Novembro de 2014 03:57

sergio_sao_bernardoO negro baiano que milita na causa negra, ou dialoga com aspectos dessa causa, não conseguiu uma expressividade nas eleições desse ano.

Tal fato tem suscitado diversas indagações performáticas aos candidatos e lideranças negras que tentaram eleger-se: negro vendido, negro partidarizado, negro petista, negro comunista, negro governista, negro evangélico, negro anti evangélico, negro radical, negro de gueto, negro elitista etc. O mais importante é que consigamos localizar friamente as variáveis que influenciaram nesse resultado negativo em todo o Brasil.

Ora, se temos 513 Deputados e 81 Senadores e a maioria da população é composta de pretos e pardos porque não temos algo assemelhado a isso no Congresso Nacional? Paradoxalmente, os negros baianos, em sua maioria, votaram em candidaturas negras com suas respectivas marcas: religiosos cristãos, oposicionistas, socialistas, liberais, empreendedores, tudo isso confirma a tese de que os negros votam sim em negros na Bahia. Observe-se os casos de Irmão Lázaro (PSC), Bispo Marinho (PRB), Tia Eron (PRB) Valmir Assunção (PT), Antônio Brito (PTB) e Bebeto (PSB), Pastor Sargento Isidório (PSC) apenas para ilustrar a nossa hipótese.

As candidaturas derrotadas fazem parte, em sua maioria, de um espectro comum de campo político. São situacionistas, os métodos de abordagem e relacionamento com a população negra são ligados à última agenda de políticas públicas e a afirmação identitária: Luís Alberto-PT, Creusa Oliveira-PSB, Louislinda Valois-PSDB, para a Câmara Federal e Olivia Santana-PCdoB, Gilmar Santiago-PT, Bira Coroa-PT, Suica-PT, Elias Sampaio-PT, Delegado Damasceno (PSL), Silvia Cerqueira-PRB para o parlamento estadual. Todos desenvolveram suas estratégias eleitorais reivindicando uma simbologia representativa de quem melhor espelha o desejo da maioria da população negra e o projeto de mudança que a Bahia espera. Será verdadeira essa hipótese?

É bom que se diga que nenhum parlamentar se elegeu nas últimas décadas no Brasil apenas com o voto negro e nem tampouco sem aderir aos mesmos métodos de abordagem e convencimento dos outros candidatos não negros e ricos. Todos se valeram de pessoas pagas, material de campanha sofisticado e uma acriticidade tola sobre o modelo representativo. Reforce-se que estes mesmos candidatos não se diferenciam dos candidatos vencedores no que diz respeito a temas polêmicos, como a urgente reforma política que precisamos encetar em nosso País.

A sucumbência e o acomodamento aos critérios de representatividade, tais como: voto universal, financiamento privado e subordinação reducionista aos programas de seus partidos, etc, são possíveis entraves que podem aparecer numa análise mais detida se quisermos identificar as causas desse quadro que deverá incidir sobre o futuro da política na Bahia. Na verdade não somos mais os mesmos. Nossos discursos estão ultrapassados. Não entendemos e nem dialogamos com as aspirações da maioria da população negra. E se a população está equivocada e desalumiada, - numa ótica leninista - então não estamos fazendo o que aprendemos com os ancestrais: voltar às bases, formar, organizar e lutar...

Existe uma crise de liderança e de representatividade na Bahia e isso tem que ser debatido e modificado. Existe uma feudalização de uns poucos que negociam nossos destinos em nome de uma base eleitoral questionável, impondo falsos modos de nos comunicarmos com a maioria da população que deveríamos representar. Fazemos um debate esquizofrênico e persecutório da religião cristã e dos negros que estão fora de nossas organizações militantes. O que não se pode é culpar os evangélicos de fidelizar consciências, todos fidelizam. Adotamos um método utilitarista e assistencialista (em alguns casos, nada a dever ao período Carlista) com a religião africana no Brasil e artistas negros. O que nos coloca na perspectiva de uma mudança radical nos mecanismos de vinculação política com estas instituições/personalidades.

Nossa relação com os partidos não obedece a nenhum programa consistente e duradouro. Não duramos uma disputa de cargos. O eleitor mudou também. Negocia profissionalmente seu voto. Vota por diversos interesses e aprendeu a fazer política contratual (na esperteza ou na crueza) com os candidatos. Mesmo com todos os avanços das políticas promocionais do Estado, o que vemos é que as políticas repressivo-punitivas estão passando à frente das primeiras. Isso tem que ser analisado, não é para justificar uma coisa pela outra. Calamos-nos sobre a morte sistemática de milhões de jovens negros. Pareceu que a eleição ocorreu na Bélgica e o público que vota estava aqui mesmo.

Vale registrar o aparecimento, nessa conjuntura, do Partido Popular de Liberdade de Expressão – PPLE e a campanha nacional da Consulta Popular sobre o plebiscito para a Constituinte, acentuando ai, sua vertente negra e popular o que sugere, no mínimo, que não fiquemos omissos sobre as diversas saídas e alternativas que a população negra está buscando num momento de uma grave crise da política e da ação política de milhões de negros e negras no Brasil. A vitória de Dilma apenas é um simulacro ruidoso de que nada acabou e de que ou fazemos algo agora ou teremos que voltar a aprender que não ocupamos o poder de Estado para vestirmos roupa bonita e irmos ao shopping.

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