BTCA apresenta “23’” no projeto “Solos de Estar” |
Qui, 06 de Agosto de 2020 22:12 |
A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Casos de feminicídio aumentaram 22% entre março e abril de 2020 comparado ao ano passado. O país é o que mais mata pessoas LGBTQI+, registrando uma morte a cada 23 horas, com liderança no ranking mundial de assassinatos de transexuais. Salvador registra aumento de moradores em situação de rua durante pandemia da Covid-19. A cada quatro minutos, uma pessoa comete suicídio no mundo. É sobre essas tristes estatísticas que reflete o bailarino Ruan Wills, inspirado pela vida e pela morte de Demétrio Campos, jovem trans de 23 anos de idade que cometeu suicídio no último 17 de maio, justamente o Dia Mundial de Luta Contra a LGBTfobia. A performance estreia na próxima quarta-feira, 12 de agosto, Dia Internacional da Juventude, às 19h, na série “Solos de Estar”, do Balé Teatro Castro Alves (BTCA), no canal de YouTube do BTCA (www.youtube.com/baleteatrocastroalvesbtca). “Enquanto homem cis, negro e gay, me sinto enquadrado em vários dados estatísticos e reflito em quantos destes realmente me encaixo ou já me encaixei, e em quais ainda vou me encaixar ao longo da vida”, pontua Ruan Wills. “Não por uma necessidade minha de autoafirmação, mas sim de me perceber sendo mais um número em toda essa estrutura já existente. Me questiono o quão seguro é estar em casa quando um homem trans negro comete suicídio; uma mulher trancada em seu quarto pede socorro no Facebook, pois está sendo agredida pelo marido; um jovem negro é assassinado dentro de casa pela PM em plena pandemia. Para quem é seguro estar em casa? Quais corpos estão seguros em casa? Quem tem casa?”, questiona ele. O suicídio de Demétrio Campos, artista, produtor, bailarino e modelo, em Cabo Frio, cidade onde Ruan estudou e viveu parte da adolescência, foi o principal norteador de “23’”. Imbuído de indignações e questionamentos, o bailarino se vê como diz uma de suas principais referências na atualidade, a multiartista Linn da Quebrada, “sendo uma legião”: legião de possibilidades e, dentre essas, aquelas que o afetaram de forma mais latente em meio ao atual período de quarentena. Sobre o projeto “Solos de Estar” – Mantendo linhas de criação em meio às políticas de isolamento social determinadas por conta da pandemia da Covid-19, o BTCA promove a série “Solos de Estar”, em que seus bailarinos se debruçam sobre os enfrentamentos humanos da necessidade de viverem com mais intensidade as suas próprias vidas íntimas, para então desenvolver trabalhos autorais. Os papéis sociais externos que, na grande maioria das situações, ocupam a maior parte de um dia comum, dão lugar à execução extremada dos papéis sociais domésticos. E, enquanto trabalho e casa se fundem, recursos do ambiente familiar compõem cenas de solos inéditos. Balé Teatro Castro Alves (BTCA) apresenta: “Solos de Estar” – 4ª edição “23’” Criação, roteiro e interpretação: Rua Wills Assistência de criação, imagem, montagem e edição: Marcos Ferreira Produção: Ruan Wills e Marcos Ferreira Finalização e supervisão artística: Wanderley Meira Voz em off: Ruan Wills (citação da música “Bomba Pra Caralho”, de Linn da Quebrada, e estatísticas de fontes diversas) Músicas: “Marianas”, de Quincas Moreira; e “Bomba Pra Caralho”, de Linn da Quebrada Quando: 12 de agosto (quarta-feira), 19h Exibição através do canal do BTCA no YouTube www.youtube.com/baleteatrocastroalvesbtca |
Agenda |
Aldeia Nagô |
Capa |