O músico (e maestro, arranjador, compositor, professor) Sergio Souto completaria 70 anos no próximo dia 29 de novembro. Para marcar a data e, ao mesmo tempo, reverenciar sua importância na história da música instrumental baiana, está sendo lançado em plataformas de streaming um conjunto de 19 obras de sua autoria, desconhecidas do grande público, que reforçam seu talento como compositor.

O lançamento acontecerá no próprio domingo, dia 29/11, quando as faixas serão disponibilizadas online em dois álbuns diferentes: Sergio Souto – Baú de Memórias e Sergio Souto – Bons Modos Brasileiros.

Enquanto Baú de Memórias traz músicas instrumentais com arranjos e improvisações que seguem temas e variações de Standards específicos, Bons Modos Brasileiros reúne obras baseadas na harmonia modal, feitas com fundamento nos modos gregos. Em comum, além de todas serem composições instrumentais, as peças traduzem uma época importante da música instrumental na Bahia, quando toda uma geração de instrumentistas surgiu inspirada por uma cena pulsante de casas noturnas com música ao vivo e de grupos como o próprio Sexteto do Beco, do qual Sergio foi um dos criadores.

K7 nas gavetas – As 19 composições dos dois álbuns digitais foram escolhidas entre centenas de fitas K7 que estavam guardadas com a família de Sergio Souto desde seu falecimento, em 2014. Eram músicas instrumentais e trilhas de teatro e dança, além de materiais didáticos utilizados na AMA – Academia de Música Atual, importante escola de música popular criada por Sérgio e outros artistas. Numa arrumação de gavetas feitas com calma durante a pandemia, o acervo chamou a atenção da educadora e artista da dança Beth Rangel, companheira de Sergio por 36 anos, que escutou e selecionou o material produzido em "MIDI", sistema de gravação independente, bastante popular na década de 70, que criava músicas digitalmente, sem voz ou instrumentos acústicos.

A partir daí, com a colaboração do filho Daniel Rangel, as músicas que tinham somente uma pré-mixagem passaram por um processo de limpeza de ruídos e de masterização. O trabalho foi feito com a participação de Gil Camará (masterização, limpeza de ruídos e produção executiva) e Brian Knave (digitalização), para que a qualidade final atingisse um padrão compatível com a produção fonográfica atual nas plataformas de streaming. “A escolha dos timbres, assim como a concepção dos solos e performance de cada um dos instrumentos, em todas as músicas, foram executados minuciosamente pelo próprio Sérgio”. Afirma Daniel Rangel, lembrando que, com exceção de “Villa Carolina” (Bonus Track), cuja gravação foi realizada pelo Sexteto do Beco na WR, em 1981, com solo de piano de Jeff Gardner, as outras 19 músicas foram fruto de horas de estúdio do compositor, arranjador e também programador Sérgio Souto. “É um registro que cruza distintos tempos, com músicas dos anos 1970 e 1980, e ferramentas dos anos 1990, resgatadas hoje para a eternidade a que sempre pertenceram".

Memórias de uma época – “Pensando como educadora, sob o ponto de vista cultural, eu sei a importância que um material desse tem para o registro da história da música feita na Bahia nos anos 70 e 80”, comenta Beth Rangel, que além de companheira foi parceira de Sergio em diversos trabalhos artísticos e acadêmicos. Para ela, revelar essas composições que chegam agora ao público tem, sob o ponto de vista pessoal, um caráter de ressignificar em 2020 a produção do marido, embora o legado para músicos e pesquisadores seja ainda mais significativo. “Esse não é um baú de memórias só de música, mas de um tempo e de lugares traduzidos nessas composições. É todo um contexto que existia culturalmente na Bahia e que faz parte da lembrança de músicos e artistas de uma época”.

As 19 músicas que chegam agora ao público são a “ponta do iceberg” não só das centenas de fitas K7 encontradas, mas também dos CDs e inúmeros arquivos digitais com materiais artísticos e didáticos. São trabalhos de pesquisas feitos com músicas africanas e canções religiosas, partituras, arranjos diversos e direções musicais de discos de vários artistas. São também muitas composições criadas por Sergio até o ano 2000, quando ele começou a se dedicar ao canto coral.

O lançamento de Sergio Souto – Baú de Memórias e Sergio Souto – Bons Modos Brasileiros, portanto, corrige também a percepção das novas gerações de que o artista era prioritariamente arranjador e maestro do grupo coral “Vozes Reveladas” (com quem desenvolveu um significativo trabalho nas décadas passadas em Salvador), devolvendo-o ao grupo de importantes instrumentistas, arranjadores e compositores da música instrumental feita na Bahia.

Sergio Souto – Baú de Memórias

Lançamento dia 29/11: https://tratore.ffm.to/baudememorias

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Villa Carolina (Bonus Track)

Sergio Souto – Bons Modos Brasileiros

Lançamento dia 29/11: https://tratore.ffm.to/baudememorias

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