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Ana Dumas lança livro sobre a cena BRAU em Salvador neste sábado (10)
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Seg, 05 de Julho de 2021 15:08

Ana_Dumas_-_Foto_Sora_MaiaDe James Brown, icônico músico dos anos 60 e 70, a Larissa Luz, destaque da nova geração de artistas baianos, a música e a estética sempre foram elementos utilizados pelos negros como forma de expressar questões referentes a luta política e empoderamento social.  O visual colorido, pop, rebelde e exuberante, criado e disseminado pela população negra, denominado BRAU, é o tema central do novo livro da filósofa e artista multimídia Ana Dumas “BRAU – MANIFESTO BRASILEIRA UNIVERSAL”, que será lançado neste sábado, 10, às 20h em live no instagram @manifestobrau, com participação da autora e mediação designer editorial e artista visual Gil Maciel. O livro, publicado em formato digital, poderá ser acessado através do link disponibilizado também no perfil do instagram.

A publicação tem o intuito de atingir principalmente jovens negros, mas também professores, pesquisadores e todas as pessoas interessadas no assunto. O formato do livro, pensado para ser facilmente acessado através de smartphones, tem o intuito de democratizar as informações e atingir os leitores da nova geração.

De acordo com Ana, o BRAU se refere ao estilo, modos e comportamento dos negros norte-americanos durante as explosões do Black Power e da Soul Music, movimentos negros norte-americanos de luta contra a discriminação social/racial, surgidos nos anos 60, na efervescência das lutas pelos direitos civis.

“É uma estética que ainda existe e vem se atualizando ao longo das gerações, ganhando outras formas e nomenclaturas de acordo com as transformações que o mundo vive. O livro será disponibilizado em pdf, para que os jovens possam ler do próprio celular, mas também porque é um formato que me permite acrescentar novas informações futuramente”, completa a autora.

O interesse da filosofa pelo assunto começou em 1981, quando se mudou para Salvador e se deparou com essa estética nas ruas da cidade ao ver, por exemplo, a Timbalada ensaiar nas ruas do Candeal. A partir deste contato, a ideia de BRAU nunca mais saiu da vida de Dumas e sua pesquisa foi se aprofundando. O livro é resultado de um estudo que acontece desde 1997 e foi passando por diversas atualizações.

“Eu descobri o que era brau no dia em que eu quis comprar um óculos de camelô, espelhado, colorido, barato e minha avó, que estava passeando comigo na rua Chile, disse que eu não podia comprar porque aquilo era coisa de brau. Eu perguntei o que era coisa de brau e ela respondeu que era coisa de gente sem modos, de gente baixa, de gentinha. Mas, o que ela queria dizer e não disse, é que, para ela, brau era coisa de gente preta e pobre”, relata Ana em um dos trechos do livro.

A publicação é dividida em quatro tópicos, no primeiro “O mundo faz upgrade”, a escritora discorre sobre as mudanças que aconteceram na passagem do século XX para o século XXI, incluindo os avanços tecnológicos e as novas concepções de negritude, gênero e sexualidade, bem como as mudanças no âmbito da moda e da cultura, sobretudo com a chegada de novos ritmos musicais, como a música eletrônica e o rap. Todas essas atualizações prepararam o território e o imaginário das pessoas para a insurgência do BRAU.

No segundo momento, “A bolsa de valores das ideias”, Ana conta como essas transformações se fazem presentes no cotidiano de Salvador, enquanto no terceiro tópico, intitulado “BRAU” ela trata, dentre outros assuntos, das diferentes caras que a cena BRAU teve ao longo das gerações.

“O BRAU no início era James Brown, depois passou a ser os chamados blocos de índio, em seguida foram os blocos afros que existem até hoje. O BRAU é também o rasta do pelourinho, o pagodeiro da periferia, o coletivo AFROBAPHO, e toda cena afro futurista dos dias atuais representada por nomes como Larissa Luz e Russo Passapusso. E tem também Carlinhos Brown, que é de certa forma, uma mistura de todos essas fases”, explica Ana.

Este tópico conta também com a contribuição de diversos nomes populares que viveram, em diferentes graus, a performance BRAU em Salvador, como João Jorge (Olodum), Vovô do Ilê (Ilê Aiyê), Paulinho Camafeu, Adelmo Costa (Apaches do Tororó), Maloca, Maguila, Antônio Godi, Osmundo Pinho, José Fernandes, e Goli Guerreiro, que assina o prefácio da publicação.

No último tópico do livro, “Manifesto Brasileira Universal”, Ana Dumas reflete sobre a performance BRAU estar, na maior parte das vezes, direcionada ao homens negros e o seu lugar, enquanto mulher, falando sobre o assunto. Foi a partir dessas reflexões que Ana escolheu usar o termo “brasileira” no título da publicação. Ana também explica, que a ideia de manifesto está diretamente ligada ao fato do BRAU ser uma estética preta marginalizada, e portanto, vista como algo pejorativo pela classe média nacional.  Este fator torna “BRAU – MANIFESTO BRASILEIRA UNIVERSAL” também um livro sobre racismo, que discute questões como miscigenação a luz do racismo e sobre como a estética é também uma linguagem capaz de fazer ativismo social.

“O figurino arrojado, colorido, pop, foi considerado pela classe média um modelo de mau gosto, brega, cafona, uma “coisa de brau”. Além da questão racial, havia a questão de classe: o brau, além de preto, era pobre. Um pobre que queria ser pop, que não se contentava em ser só da periferia, que não sabia seu lugar, que queria circular em outros circuitos da cidade, e isso incomodava. A moda brau provocou um choque estético na classe média soteropolitana”, afirma Dumas em outro trecho do livro.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

SERVIÇO:

LIVE DE LANÇAMENTO DO LIVRO - “BRAU – MANIFESTO BRASILEIRA UNIVERSAL” com Ana Dumas e Gil Maciel.

Data: 10/07 (sábado)

Horário: 20h

Instagram: @manifestobrau

Gratuito

SOBRE ANA DUMAS:

Artista multimídia, possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia e se define como Ideas Jockey (IJ), uma deejay de ideias, conceitos, pensamentos – expressão que toma emprestado do professor alagoano, Ronaldo Bispo (IJ Abutre). Em 2009, idealizou o Carrinho multimídia, uma estação de arte e comunicação ambulante, inspirado nos carrinhos de cafés baianos. Com o Carrinho multimídia, participou da II TRIENAL DE LUANDA (Angola, 2010); 16ª BIENAL DE CERVEIRA (Portugal, 2011); ESTO NO ES UN MUSEO (exposição coletiva, não-presencial; Espanha, México, EUA, Slovenia, Chile, Brasil, 2011-2015), GAY PRIDE (Roma, Itália, 2012), DESOCUPA (movimento pela desapropriação de ocupações privadas em espaços públicos, Salvador-BA, 2012), FURDUNÇO (Programação oficial do Carnaval de Salvador, Bahia, 2017), dentre outras apresentações no Brasil e outros países. Em 2013, participou do projeto Achei music, show, CD e DVD da cantora Marcela Bellas, com a performance I miss her/Brau, onde misturaram o Manifesto Brau com a canção do Olodum.

Perfil Instagram:

https://www.instagram.com/missyblecape/

Site:

www.carrinhomultimidia.com

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