Um jovem negro, nascido e criado na periferia de São Paulo, recém-chegado em Salvador, tem se dedicado a alimentar sua sensibilidade e criatividade artística com composições que falam sobre a paz que precisamos para sobreviver às agruras da vida diária. Segundo as palavras do cantor e compositor, Diego Kruis, “o corre não é sobre se vangloriar da própria luta, mas para mostrar que é possível sair do fundo do poço. Antes de resolver ou lidar com os problemas do mundo, nós precisamos resolver as nossas próprias experiências e emoções. Isso tudo pode ser muito mais intenso, sério e cheio de significado, ao invés de posar com um chumaço de notas de cem, envolvido pela fumaça do cigarro num fundo preto e branco”, completa o artista.

Diego deu o pontapé inicial na sua carreira em 2017, com o EP Lúmen, resultado de um trabalho de pesquisa instrumental que começou um ano antes. Entre as suas referências musicais estão Mateus Aleluia, Gonzaguinha e Parteum, pela musicalidade, escrita que cada um tem e a forma como se expressam em suas obras.

Em novembro de 2021, Diego lança o seu primeiro trabalho inédito, totalmente autoral, mostrando a importância do autocuidado, valorizando as fraquezas do homem negro nos dias de hoje, com nuances que apresentam suas ideias e mostram o valor do aprendizado, nessa caminhada que ode ser dura e algumas vezes solitária. Ao aproximar o compositor dos versos, aos poucos é possível afastá-lo e reconhecer uma nova versão dele, que sempre no rap e através dele também foi possível descobrir sua essência.

O objetivo de Diego é quebrar paradigmas e valorizar nossos momentos sombrios em busca não só da luz, mas de paz e também boas rimas. “Porque a vida ensina na porrada, na ingrata insistência, igual uma caneta falhando para fechar a última linha da track, descreve o artista com toda sinceridade.

O novo EP tem 5 faixas, nomeado “Parte de mim”, e quem assina a produção independente é o produtor de Ilha Bela Bixo do Mato. O título do trabalho foi escolhido porque ele é uma parte do artista em cada linha. “Escrevi, cantei e tudo o que eu construo eu deixo uma parte de mim. O disco trata de temas tão pessoais, daqueles que a gente acha que passa sozinho no mundo. Através dessas músicas outras pessoas poderão pegar essa parte de mim e se sentir acompanhadas de uma alguma forma”, completa Diego.

A roupagem do Diego e a abordagem mudaram muito desde o lançamento do EP, mas mudaram em função - não só de melhores recursos para gravação - mas também porque artisticamente o compositor foi exposto à novos sons e teve como intuito experimentar estéticas mais groovadas, além de camadas de sinth e toques de vaporwave.

Em Salvador, Diego tem trabalhado ao lado da equipe da Alfazema Filmes, com quem tem roteirizado e produzido seus clipes para cada faixa do novo álbum. O trabalho de Diego pode ser encontrado em diversas plataformas musicais, incluindo Spotify e Deezer.

O menino, criado por Dona Lucia ao lado de sua irmã mais nova, Daniela, cresceu. Hoje ele sente a maturidade dos 30 anos representada em suas criações atuais, que falam sobre a profundidade daquilo que sentimos e enfrentamos para reafirmar quem somos de verdade. Ele também fala de amor, de dor, de desejos e aspirações para um mundo onde seja possível ser ouvido, e que suas palavras também sejam voz para outras pessoas.

Sobre Diego Kruis

As faixas contam a história de Diego, desde sua versão mais jovem, trilhando o caminho do autoconhecimento, e se completam dentro dele cantando sentimentos. É possível ouvir as canções e se transportar para como o artista lidou e percebeu várias passagens, como a depressão, racismo, seu amadurecimento, sua solidão, e a esperança de um novo momento, com amor.

Diego conta que sempre teve muita dificuldade em se comunicar e fazer as pessoas entenderem o que ele estava querendo falar, talvez pela timidez. Muitas vezes, silenciamentos impostos pelas circunstâncias e antes de compor ele não sentia que as pessoas realmente entendiam o que estava falando. “Quando estou compondo eu me sinto compreendido, cada palavra e acorde que encaixo me trazem satisfação, e ver como os instrumentos conduzem e se encaixam no que eu tenho a dizer me trazem essa sensação e sentir que sou compreendido acaba me trazendo essa sensação de paz”, afirma emocionado.

O rap é uma das formas onde o cantor e compositor se expressa, através de ritmo e poesia, só que mais que isso. Através dele Diego aprendeu muita coisa sobre referências históricas, músicas (samples) e se identificou com outros artistas que pareciam passar as mesmas coisas. “A vida de artista tem muito perrengue, né? Como a nossa, que trabalha todo dia na firma e tem muita coisa para fazer. Essa sensação de identificação surge mesmo quando não conhecemos os artistas. Aquilo que eles cantam tem um significado seu, um acolhimento você não se sente mais só”, completa Diego.

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