Uma das companhias de teatro mais importantes do Brasil, a Companhia do Latão (SP), compõe a programação de “O Vila Ocupa a Cidade", no Museu de Arte da Bahia (MAB). Começando os trabalhos, estão abertas as inscrições gratuitas para o “Laboratório de teatro crítico: um experimento livre com a peça "Os que ficam”, que acontecerá de 19 a 23 de março (das 14h às 18h), com uma mostra final no MAB dia 24/03 (das 10h às 12h). Para a seleção, o candidato deve preencher o formulário eletrônico

Conduzida pelo dramaturgo e encenador Sérgio de Carvalho e pela atriz e dramaturga Helena Albergaria, o laboratório prático será sobre teatro épico e dialético, em torno do tema Arte e Ditadura, com a apresentação de um experimento livre. O evento participa das comemorações de 60 anos do Teatro Vila Velha e reflete sobre os 60 anos da Ditadura Militar, que se instalou no Brasil a partir de 31 de março de 1964. A peça conta a história de um grupo de artistas que, no auge da Ditadura, encena a obra “Revolução na América do Sul”, de Augusto Boal (1931-2009) - escrita 10 anos antes - e discute como atualizar o texto, em meio a uma crise política que os envolve.

O laboratório se divide em três partes: a primeira se baseia no estudo prático e experimental da peça “Revolução na América do Sul” e em exercícios de realismo crítico da Companhia do Latão; a segunda será composta por trabalho de improvisação com situações, personagens e estudo das canções de “Os que ficam”; a terceira será de ensaios de uma leitura cênica que sintetizará os resultados do laboratório.

Vale ressaltar que a Companhia do Latão participa no dia 19/03, às 19h, de uma mesa sobre “Dramaturgia e Ditadura",   também no MAB, com lançamento da peça “O Drama do Impossível”, de autoria de Sérgio de Carvalho.

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O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

SERVIÇO:

O Vila Ocupa a Cidade - “Laboratório de teatro crítico: um experimento livre com a peça "Os que ficam”

De 19 a 23 de março com uma mostra final no dia 24/03

Horário: 14h às 18h

Local: Museu de Arte da Bahia - Corredor da Vitória - Salvador/Bahia

Inscrições gratuitas através do formulário eletrônico disponível neste link: https://t.ly/gwErv

SOBRE SÉRGIO DE CARVALHO

Sérgio de Carvalho é dramaturgo, encenador e pesquisador de teatro. É fundador da Companhia do Latão, grupo teatral de São Paulo. É professor livre-docente na Universidade de São Paulo (USP), onde atua desde 2005 na área de dramaturgia e história. Foi professor de teoria do teatro na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre 1996 e 2005 e da Escola Livre de Teatro de Santo André entre 1992 e 1993. Mestre e doutor pela Universidade de São Paulo, graduado em jornalismo, realizou conferências sobre dramaturgia em Portugal, Espanha, México, Argentina, Cuba, Grécia e Alemanha (na Casa Brecht de Berlim, na Universidade Goethe de Frankfurt e na Akademie der Künste). Encenador de espetáculos históricos da Companhia do Latão, como O Nome do Sujeito (1998), Ópera dos Vivos (2010) e O pão e a pedra (2016), apresentados em diversos países. Dirigiu em 2022 a ópera Café no Theatro Municipal de São Paulo. Foi premiado como encenador, em 2008, pela União dos Escritores e Artistas de Cuba por "O círculo de giz caucasiano”, de Bertolt Brecht. Em 2023, recebeu o prêmio El Gallo de la Habana, da Casa de las Américas de Cuba, pela contribuição da Companhia do Latão ao teatro latinoamericano. Entre seus muitos livros estão Introdução ao Teatro Dialético (Expressão Popular, 2009), O Pão e a Pedra, Lugar Nenhum e Os que ficam (Temporal, 2019) e O Drama Impossível (Sesc, 2023).

SOBRE HELENA ALBERGARIA

Helena Albergaria é atriz e dramaturga da Companhia do Latão. No cinema trabalhou com Walter Salles, Daniel Ribeiro, Flávia Castro, Nina Kopko, Anna Muylaert, Juliana Rojas, Marco Dutra, Flora Dias, Juruna Malon, Priscila Bettin, Renato Coelho, Leo Rocha, Luna Grimberg entre outros. Recebendo diversos prêmios como atriz. Em teatro foi indicada ao Shell por seu trabalho em O círculo de giz caucasiano de Brecht.

Na televisão atuou nas séries Santo Maldito, Onde está meu coração, Ilha de Ferro II, Onde nascem os fortes, O quadro do menino que chora, Boca a boca entre outras e no telefilme Valor de troca - Senhorita L. no qual também colabora com o roteiro. Dá aula de atuação desde 1997.Recentemente tem trabalhado como preparadora de elenco nos filmes de Ângelo Defanti, Tamar Guimarães e Flora Dias bem como na ópera Café com direção de Sérgio de Carvalho no Teatro Municipal de São Paulo.

BOAL E A COMPANHIA DO LATÃO

A peça Os que ficam é um diálogo teatral com Augusto Boal. Inspirada em fragmentos da peça Revolução na América do Sul, de 1960, e em escritos pessoais de Boal, como a autobiografia "Hamlet e o filho do padeiro", esta dramaturgia de Sérgio de Carvalho e da Companhia do Latão apresenta um grupo de artistas de teatro que ensaia a peça de Boal na década de 1970, momento em que a repressão estava cada vez mais sufocante. A partir desse núcleo temático, o texto discute a censura, a violência da ditadura, a necessidade de sobrevivência econômica, o apelo ao trabalho na televisão, o exílio de autores e, mais profundamente, a resistência da cultura contra os interesses do capital.

"Os que ficam" permite conhecer parte do histórico de luta de Boal e de sua geração, e resgata aprendizados do passado para construir o presente, refletindo sobre as dificuldades da arte política na atualidade. Publicado em 2019 pela Editora Temporal de São Paulo, o livro de Sérgio de Carvalho tem apresentação do autor, posfácio de Iná Camargo Costa ,e notas sobre o processo de Julián Boal, além de fotografias da montagem original, que estreou no CCBB do Rio de Janeiro em 2015.

SOBRE O TEATRO VILA VELHA

Prestes a completar 60 anos, em 31 de julho de 2024, o Teatro Vila Velha é um dos mais importantes e inovadores espaços de difusão artística do Brasil. Foi fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, e está localizado em Salvador-BA. Tem como missão fomentar a criação artística coletiva e comprometida com a reflexão e o respeito à diversidade. O Vila mantém intensa programação presencial e virtual, tem seu próprio programa de formação artística, a universidade LIVRE, já revelou grandes nomes da arte nacional e recebe espetáculos e artistas do mundo inteiro. Atualmente, o Vila começa a passar por uma reforma financiada pela Prefeitura de Salvador. Por essa razão, deu início ao programa “O Vila Ocupa Cidade”;, uma série de ações, criações e colaborações que mantém o Teatro Vila Velha atuante e  presente, ao longo de 2024, em diversos outros teatros e espaços culturais. A marca de um espaço sempre em experimentação, formação artística e constante diálogo com a sociedade.

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