Não se trata apenas de eleição. Por Walter Takemoto
A onda reacionária que assombra a muitos não é uma novidade em nosso país. Nas primeiras décadas do século 20 existiu no Brasil o integralismo, com militantes organizados, força para-militar e presença nas forças armadas, principalmente a marinha.
Tentaram dar um golpe.
Ainda existe em nosso país uma organização com inspiração da doutrina integralista.
Na década de 1960 tivemos a TFP e o CCC.
O CCC praticou atentados, espancou artistas e provocava enfrentamentos armados com estudantes.
Essa onda conservadora atual, ou protofascista como preferem alguns, precisa ser derrotada e não nas urnas.
É decorrência dela que surgem iniciativas como o Escola sem Partidos, a defesa das escolas militares, a redução da maioridade penal, o encarceramento em massa, a violência policial generalizada como política de segurança, a privatização como resposta ao sucateamento dos serviços públicos, a interferência do estado e igrejas no controle sobre a vida privada.
O Bolsonaro é apenas um instrumento descartável nas mãos dos que vão se beneficiar com a hegemonia política e ideológica dessa onda conservadora.
Nós, da chamada esquerda ou os que defendem a democracia e a liberdade, podemos eleger o presidente e uma grande bancada de deputados e senadores.
E estará resolvida a luta contra essa onda conservadora?
Não.
Essa batalha será vencida no cotidiano, na disputa política e ideológica que temos que travar em nossas casas, ruas, escolas, locais de trabalho, voltando a retomar as ruas e praças com movimentos de massas contra qualquer tipo de ameaça aos direitos políticos, sociais e civis da maioria da população.
Se não houver esse enfrentamento, pouco ou quase nada um governo de esquerda poderá fazer diante do poder econômico e de seus serviçais, como os meios de comunicação, o judiciário e instituições do estado como a PF e o MPF.
Lembremo-nos do golpe contra a Dilma e o que é a Lava Jato.
É por esse motivo que para mim o candidato que melhor pode fazer frente a essa disputa entre barbárie X civilização é o Haddad.
E não se trata pela evidente maioria eleitoral que apresenta nas pesquisas por ser o candidato do lulismo.
O motivo principal, e que me faz achar uma tolice os que pregam o voto útil no Ciro por ser quem pode vencer o Bolsonaro, é que Haddad representa as principais forças sociais que podem enfrentar e derrotar essa onda conservadora onde é o palco principal dessa batalha: nas ruas e praças.
Haddad, como já escrevi outras vezes, tem ao seu lado a CUT, CTB, MST, movimentos sociais, juventude, mulheres, movimento negro, LGBT, PT, PCdoB, PSB, e uma militância que cotidianamente está nas ruas, desde 2016.
É essa força social que poderá derrotar o golpe, os reacionários e fundamentalistas, e ser a expressão de um amplo movimento que defenda um novo projeto de país e sociedade.
Ciro não tem essa força ao seu lado, portanto dependerá da dita governabilidade, ou seja, do apoio dos partidos do chamado centrão que tentou ter como aliados nas eleição. E essa história sabemos como acaba.
O poder real está na força organizada dos trabalhadores e do povo. E essa está do nosso lado.
Escolha o seu. Não seja um inocente útil.
