Aldeia Nagô
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Linda e Triste. Por Zuggi Almeida

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Hoje, 2 de maio de 2024, um dia após as comemorações do dia do Trabalhador e da Trabalhadora, em Salvador 16,4% da população ativa amanheceu desempregada. 

 

 A cidade que vende a festa e a alegria como ativos do bem-estar, apresenta as piores taxas de desemprego, pobreza e violência no pais. Salvador é a quinta maior capital do Brasil com uma população de 2,4 milhões de habitante, segundo o Censo Demográfico de 2022.

A população auto declarada negra ( pretos e pardos ) de Salvador é de 83,1. Justos, nesses estratos raciais estão os fantasmas da desnutrição, da falta de moradia e desatenção à saúde.

A Roma Negra atual, tal a congênere europeia no período do Império põe em prática a política do Pão e Circo, semelhante  aos  imperadores da Roma Antiga que  promoviam banquetes e eventos com teatro, corridas de cavalos e jogos. 

 Esses jogos eram frequentados tanto pelos privilegiados da sociedade quanto pessoas das camadas mais baixas. Esse é um dos modelos de controle político que eram postos para amenizar a insatisfação do povo.

As maratonas de espetáculos promovidos por órgãos públicos em Salvador exibem apenas a face da morena sestrosa  desviando o olhar indiscreto sobre os indicadores sociais negativos da cidade. 

 Os resultados dos lucros obtidos para a cidade através da quantidade infinita de eventos públicos são números ilusórios que jamais irão ser revertidos em investimentos sociais. A máquina do lazer  moi alegria e cospe abandono.

Salvador está no fim da lista da renda do PIB per capita, da desnutrição infantil, da população abaixo da linha de pobreza, da taxa de desocupação e de jovens vítimas de homicídios.

Nas coxias do palco do teatro chamado Salvador  estão escondidas as facetas de uma crise econômica que afeta a maioria da população soteropolitana  afrodescendente. Essa mesma população é protagonista nos espetáculos que promovem a arte, a cultura e o sorrir por estar na Bahia pelo mundo afora. Seria irônico, se não fosse trágico

Salvador apesar da tristeza ainda mantém-se digna por sua beleza.

Num ano eleitoral são revelações que podem dar muito pano pra manga.

Zuggi Almeida é baiano e cronista.

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