A Educação de Salvador. Por João Fernando Gouveia
A Educação é a única força capaz de produzir transformação social. Sociedade e governos sabem dessa verdade, todavia quase nada fazem para modificar a realidade da Educação Pública. Às vezes, por indiferença e incompetência tem agravado o seu quadro de dificuldades. Falo da minha própria experiência pessoal e profissional. Entrei no Serviço Público há 25 anos, através de Concurso, cuja seleção pública em 1999, habilitou-me a desenvolver as funções de Professor de Ciências do Ensino Fundamental II.
Desses dias recuados até o momento, nesse período não houve um só ano em que a categoria não tivesse de enfrentar capangas, guardas municipais, PMs, fuzis e gás de pimenta, não se desgastasse para ter “Única e Exclusivamente” a reposição salarial, amparada legalmente em decorrência da corrosão inflacionária anual, vigente no país. Nada de novo no front.
Essa verdade pode ser constatada e consolidada por quem possa se interessar e investigar, dando-nos o respaldo para assegurarmos que NUNCA TIVEMOS AUMENTO SALARIAL. ‘Nunca’, pessoal, é advérbio de Tempo. De lá até agora, não fossem as ações assertivas do nosso Sindicato a APLB, com o seu compromisso com a educação pública e gratuita, no combate ao insidioso processo da desvalorização profissional, demonstrada e promovida pelos políticos incompetentes que são nomeados secretários e prefeitos, hoje estaríamos como escravos do sistema em colapso, pagando ao erário para trabalhar.
Ressalte-se que a remuneração e o pagamento dos proventos da categoria é efetivado por recursos de verba federal (do FUNDEB), havendo por parte do executivo municipal arcar com a complementação, caso haja dificuldade na remuneração da classe, bastando para isso apresentar suas planilhas, comprovando essa ocorrência e solicitar ajuda federal. Ressalte-se, ainda, que nenhum dos alcaides o fez igualmente. Depois, discursam sobre transparência. Cadê? Onde?
E, o pior é que quem deveria fiscalizar e cobrar, ajuda a afundar.
Imbassahy 8 anos (dos quais somente dois alcançamos) João Henrique 8 anos, ACM Neto 8 anos e agora Bruno Reis 5 anos, além de inúmeros secretários e integrantes dos fundos municipais, aliados ao processo educacional. Todos em campanhas políticas eleitorais, comprometeram-se em valorizar a profissão e a categoria. Como os outros itens de uma vida digna como segurança e saúde pública, mobilidade e gestão administrativa e previdenciária são só itens e artigos da verborragia discursiva desses políticos nanicos. Quando chegam ao poder, são atacados pelo mosquito da amnésia e esquecem nossa categoria, retirando direitos conquistados.
Todos enriqueceram, mas isso não se deu com os proventos recebidos da prefeitura, nem se ficassem 20 anos no cargo.
Ao longo desses anos vimos, secretários envolvidos em infindáveis negociatas e maracutaias, fechamento do IPS, piorando a assistência médica e odontológica suprimidas dos benefícios, encerramento de turmas, turnos e escolas, projetos milionários contratados com resultados pífios, quadro de professores insuficiente, sem concurso público para atender ao fluxograma dos servidores que tentam se aposentar ou entram em licenças. Precário combate ao analfabetismo e à evasão escolar, desvalorização da E.J.A., contratação milionária de empresa para realizar avaliação externa dos alunos, consequentemente, dos professores e coordenadores, sem o respectivo diagnóstico e reorientações, provavelmente cabíveis. Sem concurso para as ADIs, visando atender à legislação e ao grande contingente de nossos alunos neuro-divergentes, instalações sem manutenção, sem climatização.
Se forem chamados a responder judicialmente à uma avaliação institucional, terão um volume escandaloso de verbas jogadas no lixo, mas atender aos professores não está na pauta desses tecnocratas, que não põem seus filhos em nossas escolas municipais.
Mas em matéria de desvalorização profissional, autoritarismo, tratamento truculento e debochado para com a categoria ninguém supera Bruno Reis – o gestor/pivete do Calabar e da Overclean.
Sairei do serviço público completamente decepcionado e desacreditado de que se não mudarmos os rumos e destinos da Educação ela possa ser essa ferramenta transformadora.
João Fernando Gouveia é biólogo professor e poeta baiano.
Excelente análise … e precisamos nos mobilizarmos muito mais… o governo do estado e prefeitura tem que acatar a lei de que piso salarial tem que se pago… A truculência deste prefeito Bruno Reis tem que ser punido…