Aldeia Nagô
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A gente vive na defensiva! Por Carla Akotirene

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Tenho observado, por isto posso dizer, que quanto mais negra uma mulher, maior o dilema emocional. Quase sempre expressos em autosabotagens, para todos os caminhos de alívio e levezas desta existência.

Na linha do coração, se alguém diz que nos quer para vida, a gente logo duvida. Na verdade temos medo de viver plenamente um amor, cujo ponto de partida ou chegada não traga a dor.

A gente vive na defensiva! Quando elogiam a nossa beleza, logo demarcamos a nossa inteligência…. Já as mulheres brancas dizem apenas, “muito obrigada.”

Aí a gente se descuida da saúde física só pra não sermos resumidas aos estereótipos físicos criados na história, e assim, podermos dizer que as curvas do nosso cérebro valem mais. Sem falar que temos a necessidade de comer tudo que não tínhamos na infância.

Mesmo adultas, nosso paladar infantil quer as guloseimas, que nossos pais não podiam comprar. A gente precisa afrontar o espelho, porque ele precisa saber que temos condições de comer churrasco toda semana.

Obstruímos as veias do coração! Entupimos, também, as possibilidades de ascensão profissional e educacional, só pra não nos distanciarmos, em termos de realização pessoal, de outras negras e negros.

A gente tem na cabeça um ancestral africano, de pé, dizendo sim, mas a mente, adormecida pelo racismo, insisti em fazer com que trabalhemos, para aumentar os nossos nãos.

A autora é Mestra em Estudos Inter sobre Mulheres, Gênero e Feminismo na instituição de ensino Federal University of Bahia  

 

 

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