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A sorte, o amor e as eternas canções. Por Renato Queiróz

3 - 4 minutos de leituraModo Leitura

Os namoros vão além de encontros especiais, presentes ou jantares à luz de velas. É sobre a conexão entre almas, a promessa de estar presente nos altos e baixos da vida, independentemente dos caminhos ou gêneros.

Se “o amor é feito de escolhas, eu escolho você todos os dias”. Essa escolha, renovada a cada amanhecer, é o alicerce do romantismo. E ainda há muitos românticos, acreditem!

Senta que lá vem História!

A música é uma linguagem universal que nos envolve, emociona e nos faz viajar por diferentes sentimentos. Ela nos permite, por exemplo, explorar as nuances do amor, da paixão e da saudade. Nesse sagrado sonoro, encontramos canções que falam de encontros e desencontros, de momentos que se eternizam na memória.

Entre os acordes e versos, das diversas canções de amor, há uma canção que gosto muito e vou lembrar hoje: “Sorte”.

Antes de mergulharmos em “Sorte”, é essencial falar sobre Waly Salomão (1943-2003). Waly Salomão: o visionário por trás do álbum da canção “Sorte”. O produtor do álbum “Bem-Bom”. Poeta, letrista e produtor musical, Waly foi uma das mentes mais criativas da MPB. Ele colaborou com grandes nomes como Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, e mais e mais, sendo conhecido por sua abordagem vanguardista.

O álbum “Bem-Bom” foi lançado em 1985, durante a redemocratização do Brasil. Esse período foi marcado por uma mistura de esperança e experimentação na música brasileira.

Gal Costa, com “Bem-Bom”, capturou esse espírito — as canções traziam leveza, mas também a profundidade de quem vivia tempos de transformação.

Waly Salomão foi uma das figuras mais fecundas e heterogêneas da vanguarda brasileira. Waly tinha um estilo único de produção. Não apenas produzia discos; ele criava atmosferas. Sua sensibilidade poética transformava sessões de gravação em experiências quase místicas. Foi essa visão que moldou “Bem-Bom”, tornando-o um marco na carreira de Gal Costa.

“Bem-Bom” é uma pérola da música brasileira, repleto de composições marcantes e interpretações emocionantes. Além da música “Sorte” (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos), todas as faixas são cativantes. Cito algumas:

  • “Último Blues” (Chico Buarque de Holanda)
  • “Um Dia de Domingo” (Michael Sullivan e Paulo Massadas), em dueto com Tim Maia
  • “Acende o Crepúsculo” (Marina Lima e Antonio Cicero)
  • “Muito Por Demais” (Gonzaguinha)
  • “Romance” (Djavan)
  • “Bem Bom” (Arrigo Barnabé, Carlos Rennó e Eduardo Gudin)
  • “Todo o Amor Que Houver Nessa Vida” (Cazuza e Roberto Frejat)
  • “Quem Perguntou Por Mim” (Fernando Brant e Milton Nascimento)
  • “De Volta ao Futuro” (Ricardo Cristaldi e Waly Salomão)

“Sorte” é uma canção que celebra o amor de forma serena, quase como um segredo compartilhado entre amantes. A simplicidade da melodia, quase um sussurro, contrasta com a profundidade da letra, criando uma intimidade que ressoa como um agradecimento cotidiano.

A harmonia entre Gal Costa e Caetano Veloso é essencial para essa atmosfera. Gal, com seu timbre doce e envolvente, e Caetano, com sua dicção poética, entrelaçam-se como duas almas que se completam. O arranjo minimalista — violão, piano e percussão discreta — deixa espaço para a emoção pura.

“Sorte” foi composta por Celso Fonseca e Ronaldo Bastos. Ronaldo, do Clube da Esquina, inspirou-se em um amigo que sempre dizia “Sorte!” ao se despedir.

Em entrevista ao “Jornal da Música” (1986), Celso Fonseca revelou:
“Quando Gal e Caetano gravaram, parecia que o estúdio ficou mais leve. Waly Salomão capturou essa magia”.

Qual é a sua canção da sorte? Qual música te faz sentir isso?

“Meu amor, você me dá sorte
Meu amor, você me dá sorte
Meu amor, você me dá sorte na vida”  

SONZAÇO!

Renato Queiroz  é professor, compositor, poeta e um apaixonado pela história da música,.

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2 comentários

  • MESSIAS FRANCA DE MACEDO disse:

    Que sorte ouvir a voz inconfundível e fecunda de Gal Costa!
    A voz das deusas que habitam os recônditos iluminados do universo.
    Que sorte vagar nas letras doces de Caetano Veloso!
    Que sorte deitar a alma nas canções de Gilberto Gil!
    Que sorte ler esse ensaio do professor Renato!
    Sorte é uma abstração, materializada em determinadas vozes, poesias e sentimentos.
    Leitores(as), parabéns pela sorte!

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