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Aldeia Nagô
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Baiano burro nasce morto – Vivas a Gordurinha! Por Renato Queiróz

5 - 6 minutos de leituraModo Leitura

Gordurinha, cujo nome verdadeiro era Waldeck Artur de Macedo, nasceu em Salvador, Bahia, em 10 de agosto de 1922, e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1969. Um apelido que ironicamente contrastava com sua magreza foi dado pelos amigos de rádio.

Senta que lá vem História!

Com 16 anos, ele aprendeu a tocar violão e se apresentou em um programa de calouros na Rádio Sociedade da Bahia, em Salvador. Naquela época, integrou o grupo vocal “Caídos do Céu” e logo se destacou entre os artistas de sucesso na Bahia. Gordurinha cursou até o segundo ano de Medicina, mas abandonou os estudos para a carreira artística.

Nos anos 40, ele decidiu morar no Rio de Janeiro, mas sem alcançar o mesmo sucesso que teve em Salvador, decidiu ir para Recife, onde atuou nas rádios locais. Persistente, voltou ao Rio de Janeiro em 1952 e conseguiu se estabelecer na Rádio Nacional. Com um olhar aguçado, ele desenhava em suas crônicas personagens singulares, todos carregados com uma pitada de astúcia. Com sua pena, criava protestos que, disfarçados de narrativas corriqueiras, alcançavam fama e atenção.

Sem limitar a sua arte, aventurou-se no teatro, levando suas obras e humor a várias capitais do país. No entanto, a aura de humorista acabou por obscurecer o brilho de seu talento como compositor, um dom que jamais deixou de pulsar em seu âmago criativo.

Afinal, por mais que o fosse o seu cartão de visita, as melodias que ele criava contavam segredos que muitos ainda não descobriram. Gravou cinco discos nas décadas de 50 e 60, com músicas humorísticas. Em 1954, sua primeira composição, “Quero me casar”, foi gravada por Jorge Veiga.

Em 1957, lá estava Gordurinha, um mestre das ondas sonoras, a dar vida ao programa “Varandão da Casa Grande” na célebre Rádio Nacional. Não se contentando com apenas um palco, ele espalhava seu talento também pelas frequências da Rádio Tupi, onde apresentava o hilário “Café sem Concerto”. Como se não bastasse, sua versatilidade o levou ainda a brilhar nas telas da TV Tupi com o intrigante “Boate Ali Babá”.

Assim, ele navegava por diferentes mares, cada um com suas ondas, trazendo um novo espetáculo, uma nova risada, um novo olhar para as rotinas dos brasileiros que acompanhavam suas invenções criativas e imortais. Sua voz, sempre presente, era um farol para aqueles que ansiavam por um momento de diversão e reflexão nas noites calorosas do Brasil.

Em 1959, Gordurinha destacou-se com o grande sucesso “Chiclete com Banana”, interpretado por Jackson do Pandeiro e composto em parceria com Almira Castilho, esposa de Jackson na época. Além disso, Gordurinha lançou “Baiano Burro Nasce Morto”, outra obra que marcou sua carreira, uma celebração da identidade e do orgulho de ser “baiano”.

Em 1960, lançou “Súplica Cearense”, em parceria com Nelinho, considerada por muitos como sua composição mais emocionante. Em 1962, apresentou “A Bossa do Gordurinha”, que incluía a provocativa “Baiano Não é Palhaço”, e em 1963 lançou o LP “Gordurinha…Um Espetáculo”.

Com o golpe militar de 1964, ele desapareceu, ressurgindo apenas meses depois. Antes de sumir, solicitou aos familiares que descartassem todos os materiais que pudessem parecer comprometedores, incluindo uma foto com o presidente João Goulart e o governador Leonel Brizola.

Em 1968, Augusto Boal (1931- 2009), o fundador do “Teatro do Oprimido”, um dos grandes nomes do teatro brasileiro e internacional, dirigiu “Chiclete com Banana” no Teatro de Arena de São Paulo. Utilizando as músicas de Gordurinha, Boal criou um espetáculo que misturava crítica social, política e cultural com humor e irreverência. A peça destacava-se por sua abordagem engajada, desafiando o status quo e convidando o público a refletir sobre a sociedade brasileira da época.

Além dessa peça de teatro, coincidentemente ou indiretamente, “Chiclete com Banana” tornou-se posteriormente o nome de uma famosa tira de histórias em quadrinhos e revista, ambas criadas pelo irreverente Angeli. “Chiclete com Banana” também é o nome de uma famosa banda baiana. Dessa forma, “Chiclete com Banana” transcendeu seus limites originais, deixando um rastro de impacto cultural e reflexão em múltiplas linguagens.

Ainda, em 1968, Gordurinha lançou o álbum “Gordurinha”, com músicas como “Poema dos Cabelos Brancos”, “Luz e Trevas”, “Era Uma Vez o Meu Verão”, “Eu, Sem Caminho”, “Quero Chorar Um Samba”, “Resto da Vida”, “Uma Prece Para os Homens Sem Deus”, “Lei do Divórcio”, “Zé da Loteria”, “Pedido a Padre Cícero” e “Temporal de Samba”.

Tristemente, em 16 de janeiro de 1969, o artista, que durante toda a vida fora acometido de uma asma intensa, morreu de infarto, em decorrência de uma overdose de adrenalina que ele próprio injetava para aliviar a falta de ar provocada pela doença. Sua arte, no entanto, continua viva.

Gilberto Gil e Jards Macalé regravaram suas canções após sua morte. Gilberto Gil, em seu álbum “Expresso 2222” (1972), lançado após retornar do exílio em Londres, regravou “Chiclete com Banana”. Em 1974, Jards Macalé gravou “Orora Analfabeta” e “Mambo da Cantareira” no LP “Aprender a Andar”. Em 1997, Gilberto Gil regravou “Vendedor de Caranguejo” no álbum “Quanta”. Em 2000, a Warner Music lançou o CD “Jackson do Pandeiro e Gordurinha”, com sete composições suas.

O legado de Gordurinha se estende a muitos outros artistas que gravaram suas músicas, incluindo Luiz Gonzaga, Fagner, Elba Ramalho, O Rappa e Clara Nunes. Além disso, ele foi o produtor dos melhores discos do Trio Nordestino, contribuindo significativamente para o sucesso do grupo.

Gordurinha, com sua sagacidade e talento, deixou uma marca indelével na cultura brasileira. Suas crônicas astutas e sutis refletem a resistência contra preconceitos e xenofobia. Além disso, seu lado lírico como compositor revelou canções que capturam a alma do Brasil, com versos que evocam sentimentos profundos e ritmos que celebram a diversidade cultural. Vivas a Gordurinha, um verdadeiro tesouro da nossa história!

Aqui, Gordurinha deixando uma marca memorável no cinema. Em uma cena do filme “Titio Não é Sopa” (1959) do roteirista, diretor e produtor de cinema brasileiro, Eurides Ramos (ou Euripides Ramos, 1906 – 1986). Gordurinha interpreta a música “Baiano Burro Nasce Morto” ao lado do humorista, também baiano, Mário Tupinambá. (Nazaré das Farinhas, BA, 26 de abril de 1932 – Rio de Janeiro, RJ, 27 de setembro de 2010) conhecido por ter interpretado o personagem Bertoldo Brecha, na Escolinha do Professor Raimundo. Entre os bordões imortalizados pelo personagem de Mário Tupinambá estão “Zé fini, tá na boca do Brasi”.

Gordurinha é SONZAÇO!

Renato Queiroz é professor, compositor, poeta e um apaixonado pela história da música,.

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