Aldeia Nagô
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Beto Bulhões subiu para o Orum. Por Luis Afonso

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Luis Afonso

Beto Bulhões permanecerá na memória como uma figura afável, inteligente, exaltada, quixotesca e amorosa. Adorava as artes, a artistagem e os outsiders. Com picardia e sábia irreverência, partilhou de amizades-raízes da Bahia pós-amadiana de Jorge e gregoriana de Matos, sem deixar de lado o repentista do absurdo, o Zé Limeira que ele tanto admirava.

Colecionou amizades com figuras notáveis dos áureos anos 70, 80 e 90. No Carnaval do Garcia e da praça Castro Alves, no território livre do Raso da Catarina, onde reinavam Franco e Quitério, na alta boemia do fim de Linha de Brotas com Ângelo Roberto, no boteco do anarquista basco Manolo, no bar de Gonzaguinha em Coroa, nas reuniões da militância, nas noitadas do ExTudo, Postudo, Boteco do França e Zé Raimundo, na Cachoeira heroica e musical de Mateus Aleluia.

Nas quebradas de onde quer que seja, Beto se divertia com os estilos Cosminho e Ogum de Ronda: girava, reinava, pregava e quebrava regras, xingava os vendilhões da política e da economia, abraçava a gente do povo, as mães, filhas e pais de santo, os garçons, os peões, os pescadores do antigo Mercado do Peixe, de Amoreiras e de Ponta de Areia.

Praticava uma capoeira existencial contra o jogo pesado dos salafras. Quando o sistema era Babilônia, Beto Bulhões era o vingador altivo e indignado.

Ocupe em paz o seu merecido lugar no Orum, Beto Bulhões, nosso querido amigo e irmão!

Luis Afonso é um escritor baiano

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