Com quantas fakes se faz uma lorota. Por Zuggi Almeida
Lorota ou culhuda, essas eram algumas das formas de denominar a mentira nos meus tempos de menino no bairro da Liberdade, em Salvador.
Haviam os culhudeiros de plantão que eram verdadeiros especialistas na arte de criar façanhas, aumentar a dimensão das coisas, ou até mesmo inventar uma peripécia que ele jamais realizou.
Também, existiam os loroteiros contumaz que após insistir tanto em divulgar uma mentira terminava, ele mesmo acreditando na própria inverdade. Épocas que as mentiras eram transmitidas através da oralidade.
Eram tempos lúdicos onde a galhofa circulava nas rodas de brincadeiras ou nos bate – papos de adolescentes sentados nas calçadas das ruas do bairro.
Os mentirosos nunca foram levados a sério.
Os tempos atuais onde avanços tecnológicos permitem atestar a veracidade dos fatos num piscar dos olhos ou na velocidade de gigabytes, a inverdade está na ordem do dia graças ao suporte oferecido por essa mesma tecnologia.
Era das mentiras, da negação ou tempos das trevas digitais, onde deuses estão projetados atrás das imensas mesas de mármore das salas de reuniões das empresas de alta tecnologia.
Musk e Zuckerberg detem o mundo na palma da mão e brincam de jogar bola com o globo terrestre semelhantes ao ditador Hinkel no filme do Charles Chaplin.
‘Faça tudo que seu mestre mandar’ e fica estabelecido que em nome da liberdade de expressão, um deputado federal brasileiro espalhe fake-news através de um vídeo e consiga inverter a normalidade financeira e política de um país.
Pesquisas apontam que esse mesmo parlamentar supera em seguidores nas redes sociais, o próprio presidente da República. Uma prova que a mentira está vencendo a verdade. Por enquanto está 1 X 0.
A não-verdade que permeia a contemporaneidade é a arma usada para dessiminar a desinformação, a política do ódio e a manipulação das massas. Essa é a ferramenta característica do fascismo e do nazismo. Típico das propostas do Elon Musk e Mark Zucherberg.
Aqui com os meus botões fico tentando entender qual a semelhança de interesses entre esses bilionários e um jovem assistente admnistrativo que usa seu computador para espalhar as fake news que circulam no Facebook e no X.
Ato político, sadismo ou alienação?
P.S. A IA ainda não tem resposta para o sgnificado do termo ‘culhuda’.
1 X 0 para a sabedoria popular.
Zuggi Almeida é baiano, escritor e roteirista.