Delcídio, o fanfarrão. Por Lula Miranda
O senador Delcídio Amaral disse, dias atrás, que não faria delação premiada porque não seria, disse ele, um alcagueta – ou algo semelhante.
Porém, não se pode acreditar muito no que diz Delcídio. tampouco no que diz a grande mídia de negócios, negociatas e negociantes. Quem estará mentindo desta vez?
Depois do bisonho show de fanfaronice protagonizado pelo senador, quando da sua risível “reunião de mafiosos” com o filho de outro criminoso delator, Nestor Cerveró [seu amigo e compadre], eis que ele reaparece, com estardalhaço, na grande mídia, num novo, estratégico e deplorável espetáculo.
Por mais estarrecedor que seja, na citada reunião, Delcídio, um senador da República, brincou de mafioso. Prometeu mesada de R$50.000,00, envolveu um banqueiro na patranha; vendeu vento ao filho de Cerveró. Prometeu ainda, dentre outras estultices, influência entre os ministros da Suprema Corte e um avião, mas não um avião qualquer, claro, mas um com autonomia para levar Cerveró direto à Espanha, sem escalas.
Prometeu, enfim, o céu na terra.
Acredite se quiser.
Pretendia, com essas lorotas, ditas ao pé da orelha de um jovem, condoído e revoltado com a situação do pai, comprar o silêncio dele e, principalmente, do pai deste, seu antigo cúmplice em traficâncias e crimes na Petrobras [desde os tempo do governo FHC]. Ou seja: pretendia ganhar tempo para salvar a própria pele.
Agora, o senador, ainda no afã de salvar a própria pele, solta uma bomba de efeito moral – em tudo semelhante àquelas utilizadas pela PM contra manifestações: aquela que faz muito barulho, atordoa, emite muita luz e fumaça, mas não fere, com maior gravidade, ou abate ninguém.
Homem sem escrúpulo algum, sabe-se agora, Delcídio ainda teria negociado um prazo de 6 meses para que a sua “delação” fosse lavrada ou divulgada – esse prazo era para ganhar mais um tempo para enganar os ex-colegas de governo e de Senado, com o fim de salvar-se da iminente cassação.
A tal “delação” de Delcídio não incrimina ou compromete ninguém – muito menos a Lula e Dilma. É vazia. É, como algumas já em curso, a “delação-pastel de vento”. Ou bomba de efeito moral e retardado: emite muita luz, faz muito barulho, mas não abate ninguém.
São, mais uma vez, muito provavelmente, o tempo revelará, meras fanfarronices e aleivosias de mais um acusado, pego em flagrante delito.
Mais, cá entre nós, vem na hora certa, com o objetivo claro de aquecer o minguante calor do golpismo e encorpar as manifestações previstas para o dia 13.03. E assim, estrategicamente, dar mais um empurrãozinho no claudicante movimento golpista, ora em curso, que, por sinal, se arrasta, à boca miúda, entre alcaguetas e golpistas, tal qual um pavoroso aleijão.
Os maquiavélicos engenheiros e arquitetos do golpe acabam de inventar a bomba de efeito moral que, em vez de dispersar, visa aglutinar multidões, que serve como espécie de ordem-unida para a já conhecida turba ignara (e ensandecida).
Lula Miranda – Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média
Artigo publicado originalmente em http://www.brasil247.com/pt/colunistas/lulamiranda/219527/Delc%C3%ADdio-o-fanfarr%C3%A3o.htm