Fábio Júnior e o dedinho de Lula. Por Wilson Gomes
Nada contra Fábio Júnior também ter se tornado o mais novo analista & ativista político, tudo junto e misturado. Por que a hiperpolitização desses tempos, que é uma coisa interessante, não iria invadir a esfera das celebridades do mundo do espetáculo.
Neste momento, no Brasil, todo mundo tem uma opinião política, sobre os fatos do dia ou sobre fenômenos estruturais, e a enuncia, publica ou proclama sem peia ou filtros em qualquer arena. Claro, o resultado frequentemente é amadorismo, improvisação, simplificação e muito radicalismo, mas é o preço a pagar pela massificação dos meios para se publicar opiniões políticas. “Massificação”,dizem uns, outros diriam “democratização” e estariam igualmente certos.
Claro, continua a valer a distinção entre opiniões qualificadas, ponderadas, informadas, fundada em análises bem feitas e sensatas, e opiniões surgidas no improviso, alimentadas por paixões, indignações ou ódios, mais apropriadas para o combate contra os adversários, reais ou imaginários, do que para a reflexão. “Podia estar arremessando uma pedra ou vibrando uma espada, mas estou aqui brandindo um opinião e esgrimindo uma ofensa”.
É por aí. Eu acho legal, o que não significa que acredite que opiniões estúpidas devam ser tratadas de forma complacente ou que ideias perigosas ou ofensivas devam ser acolhidas com condescendência. Se Fábio Júnior achou que podia descer pro play, segure as consequências.
Dito isso, morri de rir com Fábio, voz embargada, enrolado à bandeira, descrevendo a alegoria sobre onde teria ido parar, lá nele, o hoje ausente dedinho de Lula. E senti sinceridade quando, num quase gemido, lágrimas aos olhos, admitiu “E dói pra caramba!”. Deve ter machucado mesmo, tadinho.
Eis a nova esfera pública, meus amigos. Dá até para rir, se vocês encontrarem um bom ângulo de observação. Bom feriado.
Sobre o autor: Wilson Gogmes é professor da Facom/UFBa